O que é BDD? Qual a diferença entre BDD e TDD? Como ele se relaciona com as metodologias ágeis? Neste artigo, abordamos o Behavior Driven Development e o apresentamos como uma excelente metodologia ágil, que visa unir o time de negócio e o time de desenvolvimento em torno de um entendimento comum: Todos devem falar a mesma língua.

Ao contrário do que alguns podem pensar, esse conceito não se aplica apenas a profissionais de qualidade, mas para sua correta implantação todos os membros do time precisam entendê-lo, e estar comprometidos com um pensamento que gira em torno das necessidades de um usuário real.

Vou fazer uma introdução ao conceito, e falar um pouco sobre como inserir BDD nas equipes de desenvolvimento através da especificação por exemplo.

Sumário

1 O que é metodologia BDD
2 O BDD apresenta um framework baseado em três princípios
3 BDD é um teste automatizado?
4 Processos para iniciar o BDD
5 BDD na prática
6 Prós e Contras do BDD
7 Qual a diferença entre BDD e TDD?
8 BDD no agilismo
- 8.1 Os Agilistas

O que é metodologia BDD

Em tradução livre, BDD é Desenvolvimento Orientado ao Comportamento.

BDD é uma técnica de desenvolvimento de software ágil, criado por Dan North, em 2003, com o intuito de melhorar a comunicação entre um time de desenvolvimento (PO, QA e DEV) para que todos tenham o mesmo entendimento sobre uma determinada funcionalidade.

O BDD foi criado em resposta a problemas que Dan North presenciava através do uso da técnica do TDD – Test Driven Development (Desenvolvimento orientado a testes). A maioria dos times de desenvolvimento e seus alunos tinham dificuldade em como escrever seus testes de acordo com uma determinada User Story.

Então, surge o BDD trazendo a proposta que cenários serão escritos exemplificando comportamentos de uma funcionalidade para que a mesma atinja um objetivo real, agregando valor ao negócio, e assim, dando um suporte ao TDD para que os testes sejam feitos de acordo com os cenários que foram descritos.

O BDD apresenta um framework baseado em três princípios

A área de negócios e o time de desenvolvimento precisam se referir a mesma parte do sistema da mesma forma;
Toda parte do sistema precisa ter um valor identificável e verificável para o negócio;
Analisar, projetar e planejar tudo de cima a baixo tem retorno decrescente;

Podemos definir o BDD como a união de várias práticas consideradas ágeis e úteis no desenvolvimento de software, cuja ênfase está nas funcionalidades de alto valor e na redução dos custos de mudança por meio da identificação do que de fato está sendo testado/desenvolvido.

BDD é um teste automatizado?

A resposta é NÃO! Se você é um QA, eu aposto que quando ouviu a palavra BDD pela primeira vez, você achou que BDD era um teste automatizado e que a primeira coisa que deveria ser feita, seria instalar a ferramenta Cucumber, escolher uma linguagem de programação de sua preferência e iniciar a automação dos cenários, e imediatamente, você já pensaria: “Uau! Estou automatizando uma aplicação utilizando o BDD”.

Porque você precisa separar os conceitos de BDD e Cucumber? Ao utilizar o Cucumber, você está apenas aproveitando a sintaxe de Gherkin para realizar a automação de testes.

O BDD nada mais é do que o processo como um todo, um processo de descoberta, o processo que visa entender como uma aplicação irá funcionar. Isso tudo ocorrendo de forma compartilhada e colaborativa entre os membros da equipe de desenvolvimento, onde discutirão uma funcionalidade e escreverão cenários, utilizando uma DSL chamada Gherkin(Given/When/Then), exemplificando assim, o caminho que o usuário irá executar em tal aplicação e o comportamento esperado por ele.

Automatizar esses cenários não é uma obrigação, e sim, uma opção. O BDD deverá ser um ponto de partida para poder entender como o sistema deve se comportar e assim, pensar em formas mais robustas de testes automatizados, seja fazendo um TDD, automatizando camadas de front-end ou mesmo realizando testes automatizados de uma API.

Processos para iniciar o BDD

Como toda metodologia, o BDD também possui um processo a ser seguido, passando pelas etapas de Descoberta, Definição, Formalização e Entrega. A Automação de Testes não entra nessas etapas, mas durante o processo poderá ser decidido qual caminho a ser seguido para sua construção.

Segue abaixo resumidamente o processo de BDD:

Descoberta: Nesta fase fazemos as reuniões de Refinamento da história, onde o PO apresenta a User Story que fará parte daquela sprint.
Definição: Nesta etapa definimos as Regras de negócio daquela história, mostrado exemplos de funcionamento e entendimento compartilhado.

Formalização: Nesta fase elaboramos os protótipos funcionais e os critérios de aceitação (Gherkin).
Entrega: Aqui é feita a entrega da funcionalidade, monitoramento, feedbacks do usuário final e testes de aceitação na aplicação(podendo ser utilizado os cenários de Gherkin para os testes).

BDD na prática

O processo de desenvolvimento do BDD se baseia na escrita de cenários de testes. Cada cenário é um exemplo escrito para ilustrar um aspecto específico de comportamento esperado da aplicação.

Para a escrita do BDD utilizamos uma DSL conhecida como Gherkin, sendo uma linguagem estruturada que se inicia com a sintaxe Given, When e Then (Dado que, Quando, Então).

A cláusula ‘Dado’ descreve as condições e pré-condições;
Já cláusula ‘Quando’, tem o objetivo de descrever um evento ou uma ação;
A cláusula ‘Então’, trata-se de todas as saídas e resultados esperados, descrevendo as informações visíveis ao usuário ou sistemas externos.

A seguir temos exemplos de boas práticas na construção de cenários de um BDD:

Exemplo 1

Feature: Compra de produtos

Como lojas americanas

Eu quero permitir frete grátis para clientes

Para compra acima de R$100,00 de modo que o cliente seja

Estimulado a comprar mais.

Cenário: Permitir frete grátis para clientes que realizam compras acima de R$100,00

Dado que eu esteja realizando uma compra de no mínimo R$100,00

Quando o cliente calcular seu frete

Então será exibido que ele terá o frete grátis para seu pedido

Exemplo 1.1

Feature: Compra de produtos

Como lojas americanas

Eu quero permitir frete grátis para clientes

Para compra acima de R$100,00 de modo que o cliente seja

Estimulado a comprar mais.

Cenário: Taxa de frete será cobrada para compras abaixo de R$ 100,00

Dado que o cliente esteja realizando uma compra abaixo de R$100,00

Quando o cliente calcular seu frete

Então será exibido um valor de frete a ser cobrado

Exemplo 2

(Nesse exemplo uso a técnica Outline)

Feature: Cadastrar um Estudante corretamente

Como um usuário do sistema acadêmico

Eu quero cadastrar dados dos alunos

Para manter os dados dos alunos registrados no sistema acadêmico

Cenário: Realizar cadastro de estudante

Dado que eu tenha clicado no botão <novo cadastro>

E tenha preenchido todos os campos de cadastro

| Last Name | First Name | Enrollment Data |

| ”Silva” | ”João” | ”10/03/2017” |

| ”Santos” | ”Joana” | ”10/03/2017” |

| ”Carlos” | ”Roberto” | ”10/03/2017” |

Quando eu clicar no botão <Cadastrar>

Então aluno será cadastrado e exibido na lista de alunos cadastrados

Exemplo 3

(Aqui eu também uso a técnica Outline)

Feature: Transferir dinheiro através da modalidade PIX

Como cliente do banco

Quero realizar uma transferência de dinheiro pela modalidade Pix

Para que meus amigos recebam o dinheiro em segundos

Cenário A: Realizar transferência PIX com chave válida

Dado que eu esteja realizando um PIX para uma <chave> válida

Quando eu confirmar a transferência para aquela chave

Então o dinheiro será transferido para o favorecido no mesmo segundo

Cenário B: Realizar transferência PIX com chave inválida

Dado que eu esteja realizando um PIX para uma <chave> inválida

Quando eu inserir uma chave inexistente para aquele tipo de chave escolhida

Então transferência PIX não será permitida

Prós e Contras do BDD

Prós: O time se une em um entendimento comum, conseguindo definir os cenários para a geração real de valor ao cliente, e também identificam possíveis falhas de negócio que foram definidos na User Story. A Técnica de Gherkin contribui para pensar em inúmeros caso de falhas quando utilizado a sintaxe Dado, Quando e Então.

Contras: O BDD pode virar um elefante branco caso você se empolgue em escrever inúmeros cenários, pois a maioria das pessoas não gostam de ler, tampouco realizar manutenção na escrita dos cenários. Então, o BDD pode ser uma armadilha caso não seja usado com moderação. É importante ressaltar que os Cenários precisam ser claros, curtos e objetivos, definindo somente as principais regras de negócio daquela Feature, para os demais cenários identificados, eles poderão ser incluídos através da metodologia TDD ou até mesmo em fluxogramas.

Qual a diferença entre BDD e TDD?

TDD é a abreviação para o termo “Test-Driven Development”, que consiste em usar testes como base para o desenvolvimento, e BDD, como citamos anteriormente, é Behavior Driven Development, que significa desenvolvimento orientando a comportamentos.

Tanto TDD quanto BDD são ferramentas de desenvolvimento que têm como prioridade os testes de código, integração contínua e desenvolvimento baseados na metodologia ágil. Essas técnicas são para desenvolvimento orientado a testes. O que as diferencia é o fato de que em TDD você escreve os testes e valida com base nas suas funcionalidades. Já em BDD, você escreve as trilhas e caminhos do problema. Além disso, em BDD é mais humano do que os testes.

BDD no agilismo

Através desta introdução, quis demonstrar que o BDD pode ser tornar um poderoso aliado de metodologias ágeis como Scrum, que visam a melhoria contínua do processo de desenvolvimento. Afinal, através desta prática, podemos obter um refinamento do backlog do produto, garantindo que todos os envolvidos estejam falando uma mesma língua, saibam o que deve ser feito, e evite o retrabalho com constantes melhorias.

Os Agilistas

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Por: Carla dos Santos Victal

BDD como metodologia ágil

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