O web design morreu!

O web design era comum nos tempos de internet discada e dos sites em Flash, memórias longínquas de quem viveu durante esse período. Naquele tempo, a maioria das empresas sequer considerava a necessidade de ter uma presença digital e, aquelas que tinham, não sabiam muito o que fazer com ela. Nesse segundo grupo, era consenso que, se sua empresa não tinha um bom web design, sua imagem na internet seria prejudicada por uma fachada feia e desajeitada.

Contudo, anos se passaram e não se fala mais no assunto, apesar de web e design serem mais relevantes do que nunca. Pois é, o fim desse conceito significa mais do que uma simples divergência terminológica. Mas, para te explicar o porquê, precisamos olhar para trás e entender como chegamos até aqui!

Uma retrospectiva a respeito do web design…

Embora não haja uma origem certa para o termo em si, web design é uma prática que nasceu e evoluiu com as funcionalidades do desenvolvimento web que surgiram desde o final dos anos 80. Imagens, tabelas, links e até mesmo o supracitado Flash; cada novidade instigava a criação de sites e layouts novos e inusitados. A web ganhava novas formas de chamar a atenção.

Devido à dependência na tecnologia e ao acesso ainda incipiente do público até os anos 2000, cada avanço servia de insumo para mais experimentação. Falava-se mais sobre técnica e estética do que usabilidade ou acessibilidade, então o resultado era uma cacofonia de recursos visuais rebuscados, pesados e ineficazes. Do contrário, sua empresa estava “defasada”.

Entretanto, os vinte anos seguintes foram marcados pelo crescimento da internet como elemento-chave para o poder de penetração das empresas. Além disso, a transformação digital transcendeu o conceito de web que existia antigamente: hoje a internet está nos celulares, relógios, assistentes de voz e não apenas nos sites e navegadores.

O que é (era) web design?

Há muitas variações na definição de qualquer coisa que envolva design. Mas o termo web design refere-se principalmente à elaboração do visual das páginas de um dado website. Veja, contudo, que essa descrição possui bastante interseção com desenvolvimento Front-end, certo? Acontece que não é coincidência, o Web Designer comumente trabalhava com o desenho e desenvolvimento das páginas simultaneamente.

Com isso dito, começa a ficar claro por que o web design morreu. Não estamos mais falando apenas de HTML e responsividade, quanto menos de páginas em um navegador! Não estamos mais falando de um desenvolvedor-designer, especialmente quando ambas as áreas se especializaram tanto. Hoje estamos falando de escalabilidade, que exige profissionais especialistas para lidar com cada frente de atuação. Sobretudo falamos de aplicações em múltiplos dispositivos e, mais ainda, da experiência do usuário.

Design além da web, produto além do design!

Ou seja, no cenário atual, não falamos apenas de design, mas de como o produto interage com o mundo à sua volta. O estudo da experiência vai além do design e hoje precisamos nos comunicar com o lado humano da equação. Não basta apenas ter um site bonito que use todos os recursos mais modernos do momento, é importante conhecer onde seu público está e como ele o utiliza. Muitas vezes, seu produto nem poderá se limitar à web.

Sendo assim, o problema do web design está em sua natureza generalista — do ponto de vista da profissão — mas simultaneamente restrita ao considerar apenas o lado estético de um tipo específico de mídia. O Web Design não leva em consideração pontos que hoje são essenciais para qualquer negócio.

O mercado já provou que o design não consegue mais existir sozinho! Em vez disso, ele é a consequência da visão do produto, do contato com o usuário e das necessidades do negócio. Do contrário, a desconexão entre o negócio e seu público é garantida.

O que entra no lugar então?

Se o web design morreu, significa que algo entrou no lugar? Não necessariamente. A verdade é que as especialidades que antes compunham essa área de estudo se mostraram bem maiores do que o conceito inicial! O web design unia duas atividades que hoje são completamente distintas e morreu para permitir que ambas tenham espaço para crescer!

Até mesmo UX design — que provavelmente foi a resposta de muitos à pergunta acima — já provou ser um termo “guarda-chuva” que contempla diferentes vertentes que exigem uma abordagem aprofundada! UX writing, pesquisa, design de interações, todas possuem nuances e características que só podem ser compreendidas com a devida dedicação.

O fim do web design não é apenas sobre uma expressão que caiu em desuso… É sobre abrir espaço para uma visão holística e extensiva ao produto, design e ao usuário. É também sobre pessoas que se empenharam nas respectivas áreas de atuação para se completarem de uma forma que não conseguiriam se fossem todas Web Designers.

Vida longa ao web design?

O conceito pode estar obsoleto, mas isso não significa que os conhecimentos se foram junto! Se você é (ou era) um web designer e se sentiu perdido ou defasado, aproveite a oportunidade para se aprofundar nas atividades que mais te interessavam. Você pode migrar para UX ou se adentrar no frontend e encontrar uma miríade de novidades independente do que escolher! Se você é dono ou recrutador de uma empresa, contudo, a recomendação é construir uma equipe que contemple as áreas que citamos!

Agora, se você quer trabalhar numa dessas equipes que deu fim ao Web Design e aprofundar-se naquilo que gosta, vem ser dti!

Por: Kleverson Royther Nunes