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Denise: Olá, pessoas. Eu sou Denise Eler, (Head Customer Experience) [00:00:05], aqui na DTI. Estamos hoje gravando ao vivo, no Agile Brazil, aqui em BH. Estamos no estúdio com Marcelo Szuster, CEO da DTI. Tudo bem, Zsuster?

Marcelo: Tudo joia.

Denise: E com a nossa querida Cíntia. Tudo bem, Cíntia?

Cíntia: Oi. Bom dia.

Denise: Bom, a Cíntia, é um prazer duplo receber a Cíntia aqui. Ela é executiva (de Data Science) [00:00:30], na Unimed-BH. E também, ela é uma pessoa que inspira muito as mulheres, as meninas que estão na área de tecnologia. Então, vai ser um papo entrevistando e tietando uma pessoa que é referência para todas as mulheres que estão aí nessa área do design (de OX) [00:00:50], de código e de ciência de dados. Bom, Cíntia, começar, você se apresenta, e depois a gente vai falar um pouquinho de Unimed. Eu te anunciei certo?

Cíntia: Perfeito. Inclusive, muito lisonjeada.

Denise: Então fala um pouquinho de você.

Cíntia: Obrigada pelo convite, muito bom estar aqui com vocês. Interessante a experiência, ao vivo e em podcast.

Denise: Para nós também.

Cíntia: Hoje a primeira vez para nós todos. Está ótimo.

Denise: (É o nosso debute) [00:01:20].

Cíntia: Em relação a viver tecnologia, eu sou muito feliz na minha profissão, eu amo o que eu faço. Eu fico preocupada de ver poucas mulheres enredando por essa carreira. Acho que nós temos um diferencial enorme por termos mais paciência, praticarmos a empatia de uma forma bacana, e isso é muito necessário em qualquer etapa do trabalho, do desenrolar da tecnologia. Gente, isso usando qualquer tipo de trabalho. Método ágil, isso aparece demais.

Marcelo: Empatia é a palavra-chave.

Cíntia: É a palavra chave. E mulher, a gente faz isso bem.

Denise: Já é da natureza da mulher uma abordagem mais empática.

Cíntia: Adoraria ver mais mulheres. Fiz 25 anos de formada agora.

Denise: Você é formada em que, Cíntia?

Cíntia: Ciência da Computação.

Denise: Olha, gente, que fantástico. Fantástico.

Cíntia: Uma das coisas que chamaram atenção, foi o volume de mulheres que faziam ciência da computação há 25 anos atrás. Nós éramos mais mulheres, eu falei: “Meu Deus, perdemos isso”. Gente, voltem.

Marcelo: É sério? Era mais?

Cíntia: Voltem, por favor.

Denise: Eu imaginava que era o contrário.

Cíntia: Não, gente.

Denise: Quantas garotas tinham na sua turma?

Cíntia: Era 40 a 60%. 40% mulher, 60% homem, na minha turma. E hoje, você vê ciência da computação, a turma da federal, não tem três, quatro alunas, em uma turma de 40.

Marcelo: Que coisa. Eu não imaginaria isso, não.

Denise: Não, também. Interessante.

Cíntia: Decepcionante, mulherada. Vamos embora.

Denise: Aí você falou um pouco de como você se formou, como que está essa área, que nos surpreendeu, mas como que é o seu trabalho hoje? O que é trabalhar com Data Science hoje, em uma cooperativa de saúde? É muita complexidade junto, não é?

Cíntia: Sim.

Denise: Eu acho que saúde é uma das áreas mais complexas, (um dos seguimentos) [00:03:15] mais complexos.

Cíntia: Sem dúvida nenhuma, Denise. Eu tive uma grata surpresa, quando eu vim para Unimed- BH. Tenho sete anos de Unimed. Vim de Telecom, já trabalhava com (inint) [00:03:28] em Telecom, e achava que não tinha nada mais complexo do que Telecom, por causa do volume. A gente processava milhões de registros a cada hora, era uma coisa insana o trabalho que a gente tinha para conseguir compilar e transformar o dado em informação. Quando eu vim para saúde, eu vi que tudo que a gente preocupava com o número de linhas, com volume de registro, eu tenho no volume de colunas, de variáveis que são relevantes para a saúde. Cada especialidade, cada local de atendimento, se eu estou no ambiente ambulatorial ou hospitalar, é completamente diferente. Então é muito diverso, é complexo, a natureza humana influencia muito no desfecho, então chegar a um padrão, a uma forma de acompanhar a informação. Não é simples. Não é simples, mas a Unimed tem uma história de investir nisso, então para mim, foram duas gratas surpresas. Um, saber o quanto o apetite da Unimed- BH para o investimento nisso estava apurado assim, era real. E a outra, ver o quanto era complexo, que também é desafiadora, e aí é muito bom.

Denise: Sem dúvida. E qual é o momento da Unimed, em relação a transformação digital, Cíntia? Quais são os desafios? E é diferente, por ser uma cooperativa?

Cíntia: A natureza da empresa é ser uma cooperativa., então, obviamente, isso traz todas as características de uma cooperativa, de uma decisão mais colegiada, que tem os seus momentos ali, de dificultador, mas também que traz alguns bônus. Há uma participação maior dos cooperados assim. Existem alguns projetos, por exemplo, de remuneração variável, que só foi possível porque os cooperados entraram, participaram e se engajaram. Então tem os seus ônus e seus bônus, (como tudo) [00:05:24]. Hoje, a Unimed, vem avançando, na minha percepção, à passos largos, em um projeto muito claro de colocar o foco no cliente, em trabalhar com aquilo que vá trazer uma melhor experiência do cliente, em relação a sua relação com a Unimed, tanto no momento assistência, quanto no momento captação, contratualização, e todos os pontos de contato. Hoje, a gente consegue com um volume de dados muito significativo, trabalhar em projetos de (Machine Learning) [00:06:00]. A gente, hoje, usa (inint) [00:06:03], realmente, nós temos cases implantados desde o ano passado, e que já vem dando resultado. E isso é possível por esse empenho da empresa, em trazer, primeiro investir em estruturar o dado, que é um passo relevante.

Marcelo: Sim.

Cíntia: Sem matéria prima, não tem resultado final bacana.

Marcelo: E com esse tanto de fonte de informação, que é uma complexidade saúde.

Cíntia: Precisa (haver) [00:06:29].

Marcelo: A forma (que o dado) [00:06:30], desde a entrada dele.

Cíntia: (Exato) [00:06:32].

Marcelo: Às vezes, em emergência, a diversidade de sistemas, tudo dificulta, não é?

Cíntia: Com certeza. Além da diversidade de negócios e de realidades, tem a diversidade tecnológica. A Unimed tem 48 anos. Gente, eu sempre confundo esse número. É a mesma idade minha, por um período do ano. Por enquanto, eu acho que é 48. E ao longo desse caminho, é claro que você vai tendo um legado, então a gente tem um legado importante. E as unidades, por exemplo, de serviços próprios, os hospitais, os ambulatórios, são mais recentes e também tem tecnologia, então é uma complexidade (grande) [00:07:10].

Marcelo: Você está liderando uma área de inteligência, não é isso?

Cíntia: Também. A área é responsável por toda parte de estruturação da informação, (então soluções de BI) [00:07:18] estão também na nossa área. A parte Analytics, obviamente, está ali. E a gente tem projetos onde já estamos usando o (IA) [00:07:29], então é uma gama, digamos assim. É um Portfólio bem abrangente.

Marcelo: Então, a gente estava conversando um pouquinho antes, tem duas características aí que tem muito a ver com agilismo, que é o tema sempre central. A gente fala lá no começo dos episódios, não, é, Denise? Sobre as leis do agilismo.

Denise: Verdade. (Uma delas) [00:07:48].

Marcelo: (inint) [00:07:49].

Denise: Sim.

Marcelo: Então você estava dizendo que o foco hoje é o atendimento ao cliente?

Cíntia: É. Todos os projetos que vão trazer algum benefício para o cliente, estão sendo priorizados.

Denise: Era isso que eu ia te perguntar, porque hoje, é um discurso comum, existe uma consciência de que o negócio tem que ser centrado no cliente, mas aí você já me deu o que isso significa. Significa que tem prioridade, todo projeto, toda iniciativa, que vai gerar valor para o cliente.

Cíntia: Exatamente.

Denise: É bem claro para vocês, não é?

Cíntia: É. Tem uma fala do doutor Samuel, que assim, ficou muito emblemática no último encontro com a liderança, que é assim: “Qualquer coisa que não vá trazer resultado para o cliente, é considerado desperdício”.

Denise: Que fantástico, Cíntia. Que momento bom de estar, na Unimed.

Cíntia: Muito bom. E assim, a questão da Unimed abraçar os projetos de (IA) [00:08:43] e ter apetite para investir, porque não é fácil. Outro tema que a gente estava conversando antes. É um projeto que você não entra (com ROI) [00:08:51]. Eu sei que eu vou investir X, o escopo é Y e o resultado é Z.

Denise: É verdade.

Cíntia: Não é assim que acontece.

Denise: Não é assim.

Cíntia: É um projeto que ele implica em muita experiência. É ciência mesmo.

Denise: E é relacionamento. Eu gosto daquela palestra, daquela fala do (Simon Sinek) [00:09:10], que ele fala: “Que horas que você descobre que a sua mulher te ama?”. Que horas que você fala: “Foi neste momento”? É um investimento, é uma consistência, (é uma atenção) [00:09:19] o tempo todo.

Cíntia: (inint) [00:09:21].

Denise: E uma hora o seu cliente realmente te vê como um parceiro, como alguém em quem confia, embora eu deva dizer, que eu tenho essa percepção, que a Unimed tem essa relação bem próxima com os seus clientes, já. (Porque assim) [00:09:34], agora é centrado no cliente. O cliente Unimed é um cliente, não sei se eu posso dizer fiel, não sei se é essa a palavra ainda cabe, ela está meio em desuso, mas é uma marca próxima. E aí, pessoal, é sempre bom lembrar que a gente está falando de Belo Horizonte, mas o Brasil inteiro nos ouve. Até fora. Então assim, aqui em BH, a marca Unimed-BH, ela é muito presente na nossa cultura. Qual é o (Share) [00:10:00] da Unimed, aqui?

Cíntia: A Unimed tem 53% de (Market Share) [00:10:04].

Denise: É muito importante situar isso, para quem não é da cidade.

Cíntia: E o índice de satisfação do cliente é na casa dos 80%.

Denise: Está vendo, isso é incrível.

Cíntia: Então é bem significativo.

Denise: Já é incrível. Mas também, uma coisa que eu percebo que a Unimed-BH é referência para as outras Unimed’s. Vocês estão sempre recebendo outras, como vocês chamam?

Cíntia: Singulares.

Denise: Outras singulares. Então isso que está acontecendo aqui na Unimed-BH, eu poderia dizer que vocês estão sinalizando para as outras Unimed’s, ou em outros lugares também está mais desenvolvido essa preocupação, esse centro no cliente, em outros estados?

Cíntia: Eu entendo que isso é uma preocupação do sistema Unimed.

Denise: A Unimed Brasil.

Cíntia: Unimed como um sistema no Brasil. Não tenho dúvida nenhuma. A Unimed-BH tem o pioneirismo histórico.

Denise: Historicamente.

Cíntia: Está no DNA da Unimed ser pioneira, tanto em tecnologias da saúde, quanto em tecnologias de forma geral, tem uma característica muito forte. E nesse momento, eu vejo que influência da Unimed-BH nas outras singulares, em relação ao uso de (Data, Data Driven) [00:11:14], que a gente está falando tanto assim, nós temos um desejo muito grande de ampliar isso dentro da Unimed, e isso está contaminando outras singulares.

Denise: Que bom.

Marcelo: E como é que tem sido essa jornada? Você comentou que é difícil os projetos, como eles são de natureza exploratória, difícil definir (os ROIs) [00:11:35] exatamente, como é que você tem feito para vender esses projetos internamente? O pessoal já está comprado nisso, já sabem que precisa? Entendeu? Como é que é?

Cíntia: Então, o bom é que a área de negócio comprou. As áreas de negócio, as áreas que atendem, que estão mais diretamente ligadas ao cliente, elas têm esse desejo, então o meu esforço não é grande. A própria área leva para os órgãos decisórios, para o comitê executivo, para a diretoria, a proposta do projeto. Acho que esse que é o grande diferencial da Unimed. Há um desejo da área de negócio de ser protagonista nesse projeto.

Marcelo: Ou seja, ele nasce na área de negócios já. Não é a TI que vem com uma ideia. A TI vem também, mas junto.

Cíntia: A TI também pode. Exatamente. Hoje é um protagonismo enorme da área de negócio, em relação aos (projetos de lá) [00:12:29].

Marcelo: Tem algum exemplo bacana, que você possa compartilhar com a gente?

Cíntia: Tem um case que a gente vem divulgando que pode ser compartilhado, que é em relação a autorização de produção médica, que a gente fala internamente. Então, para quem é cliente de um plano de saúde, quando você vai fazer um procedimento que é simples, tipo uma consulta ou um exame de laboratório, de patologia clínica, é uma autorização automática. O próprio sistema identificou a elegibilidade daquele cliente e daquele prestador, ele já faz essa autorização. Mas existe um número muito grande de solicitações, de cirurgias, de exames mais elaborados ou de tratamentos mais contínuos, que são avaliados por um auditor médico. Isso é um número aproximado mensal de 30 mil solicitações, que são avaliadas por auditores médicos, na Unimed. Em agosto do ano passado, nós implantamos uma solução, que ela foi acompanhada por três meses para poder garantir segurança, e a partir de outubro, ela já entrou em produção e já acontece. Hoje, 40% dessas 30 mil que eram submetidas ao médico auditor, elas ja são autorizadas pelo nosso robô autorizador.

Marcelo: Que legal.

Cíntia: O robô funciona 24 por sete, então não é uma coisa que eu precise fazer escala, e a nossa média de tempo entre haver uma solicitação, haver avaliação do robô e o retorno para o cliente, é um minuto e meio.

Denise: Incrível.

Cíntia: Porque traz uma percepção de economia de tempo para o cliente.

Marcelo: Ou seja, (vocês usaram Machine Learning) [00:14:12] para aprender como agir nessas autorizações, e agora estão substituindo o auditor nesse sentido. Deixando o auditor para as coisas mais difíceis.

Cíntia: Exatamente. O bônus para o médico auditor, foi ficar com uma fila que exige mais dele mesmo. É mais complexo e ele pode se dedicar a essa fila de uma forma mais efetiva. Então realmente eu acho que há um efeito para o cliente muito bacana, que é antes de você sair daquele solicitante, daquele ambiente onde foi solicitada aquela produção médica, seja no consultório ou no ambiente hospitalar, você já tem essa autorização.

Denise: E aí é um exemplo claro onde a tecnologia AI vem para substituir realmente o trabalho repetitivo, previsível.

Marcelo: E é legal, porque eu, coincidentemente, já trabalhei fazendo autorizadoras muitos anos, era cheio de regras bem duras assim, não é?

Cíntia: Isso.

Marcelo: E aí você está falando de coisas menos precisas.

Cíntia: Mais orgânicas.

Marcelo: Mas que, ao mesmo tempo, (são repetidas e deu para alguém aprender assim) [00:15:14].

Cíntia: (Exato) [00:15:18]. Olha, quantitativamente, 98% do que é solicitado passa na regra dura, já é autorizado pela regra dura, e o robô só autoriza. Se ele tem uma indicação para negar, ele automaticamente encaminha para o médico auditor. Isso é muito importante também que seja dito.

Marcelo: Entendi. Ele nunca nega.

Cíntia: Ele nunca nega, ele só marca aquilo que ele entende (inint) [00:15:41].

Marcelo: É aquele futuro do robô ajudando o homem, e não substituindo.

Cíntia: Exatamente. É um complemento.

Marcelo: Porque fica essa discussão de como é que vai ser.

Denise: É. É a próxima pergunta. Você deu um bom exemplo da tecnologia e o ser humano convivendo bem. Na verdade, a tecnologia suportando, que existe um grande medo, muita especulação em torno disso, do uso da inteligência artificial roubando o trabalho do ser humano. Como é que você vê isso nos próximos anos? Porque a gente está muito no início disso, mas o que você espera?

Cíntia: Eu espero que o humano possa fazer trabalhos mais humanos, e que o robô possa fazer o que seja repetitivo. E é nessa linha que a gente caminha. Falar que as profissões vão acabar de ser substituídas por um robô, eu, particularmente, não estou de acordo. Eu entendo que algumas tarefas que nós fazemos, que podem ser automatizadas, mesmo tendo um grau de complexidade significativo, que eu não consigo resolver com uma regra dura, eu consigo resolver muito bem utilizando inteligência artificial, e que o humano vai poder ter mais tempo para poder fazer melhor tarefas mais complexas. Assim que eu espero que seja, e assim que eu enxergo o trabalho que a gente está fazendo.

Denise: Você falou aí da associação, do apoio da área de negócios, que compraram essa ideia, então facilita todo o seu trabalho, mas aí quando você fala de deslocar, do ser humano se concentrar naquilo que não é repetitivo, que não é previsível, preditivo, como é que fica a questão do desenvolvimento de novas competências? Você tem esse desafio também lá, a partir do momento que você desafoga? Porque você acabou desafogando alguns profissionais nessa análise, eu entendi.

Cíntia: Com certeza.

Denise: Mas você sente necessidade de desenvolver habilidades e atitudes diferentes, em função do uso da inteligência artificial?

Cíntia: Sem dúvida alguma. Inclusive, na própria equipe. A nossa equipe, nós temos uma parceria hoje com a universidade federal, o nome do programa é Residência e Ciência de Dados, e a nossa equipe está se requalificando para trabalhar com esse tipo de metodologia. Então é um investimento da empresa, na requalificação das pessoas, para fazer coisas mais desafiadoras. Isso eu vejo claramente.

Marcelo: (Ela falou um negócio) [00:18:02] interessante. Eu estava lendo aquele, o cara que fez o Amadeus, eu sempre esqueço o nome dele. (inint) [00:18:06].

Denise: Nunca lembro, que é um nome esquisito.

Marcelo: Ele falando o seguinte, que alguns países têm feito uma política de proteger não o emprego, mas o empregado.

Denise: Legal isso. Bacana.

Marcelo: Ou seja, porque o emprego você pode, não necessariamente, conseguir manter ele a força, mas se você retreina as pessoas, você está protegendo e preparando ela para uma nova função, que é meio o que vocês estão fazendo.

Cíntia: Exatamente.

Marcelo: (inint) [00:18:34] o problema que levanta isso, é quantas pessoas serão capazes de serem retreinadas e a velocidade que isso vai ser necessário. Ele prevê um futuro meio sombrio, ele acha até que vai ter quase que crises existenciais, porque é como se você trocasse de profissão várias vezes na vida. (inint) [00:18:53], entendeu?

Denise: Que é incrível.

Cíntia: Olha que delícia.

Denise: Pois é.

Marcelo: Aí depende da mentalidade.

Denise: Depende da mentalidade.

Marcelo: Mas não é um pensamento Interessante?

Denise: Fantástico.

Marcelo: É como se fosse, você faz um estágio, aprende a fazer (um monte de coisas) [00:19:03], daqui a pouco (o Machine Learning) [00:19:05] avançou, substitui aquilo. Aí você está em um ambiente protegido, onde você vai e aprende outra coisa, então você tem que estar sempre disposto a aprender.

Denise: Desaprender e aprender. Mas isso é bacana, porque em outro episódio a gente falou isso, como é cômodo e a gente talvez não perceba como é cômodo a definição das funções. É cômodo, você sabe o que você tem que fazer, você sabe o que você tem que entregar. No modelo clássico, se você tenta trabalhar com a outra área, muitas vezes você não é bem-vindo. Olha, o que você sabe de (Market) [00:19:39] para ficar dando pitaco? E nessa proposta aqui, da transformação ágil, é necessário que as pessoas sejam responsáveis pelo próprio desenvolvimento, estejam dispostas. Ok, teu emprego não vai existir, mas você, se você se dispuser a aprender, a estudar, a ser flexível. Não é à toa que uma das competências que tem sido colocadas como as mais valiosas nos próximos anos, é a flexibilidade cognitiva. Que não tem a ver com o tão famigerado, conseguir mudar (o mindset) [00:20:14], a tua forma de enxergar as coisas.

Cíntia: O protagonismo do profissional é muito importante, porque se ele se coloca como vítima, eu não consigo trazê-lo para aquele lugar onde ele vai ter oportunidade de aprender.

Denise: Exatamente.

Cíntia: Então assim, essa característica de ser protagonista da sua vida, acho que aí extrapola até, é muito relevante o posicionamento. E sair da zona de conforto. Eu acho que isso é uma coisa bacana de quem trabalha com tecnologia, que as pessoas já se formam sabendo disso. Não há zona de conforte. Desde que eu me formei, sempre há algo novo, sempre tem uma nova onda, sempre tem algo para aprender. Então não dá para falar que aquele profissional que formou há 25 anos, que é o meu caso, ele conseguiu se estabelecer em uma carreira sem haver uma evolução. Você pode até continuar trabalhando com algo parecido, mas evolução certamente houve.

Denise: Verdade.

Marcelo: Deixa eu fazer só uma pergunta. Uma outra coisa que eu estava pensando aqui também, e esse exemplo que você disse é um exemplo bem-sucedido, mas tem hora que não vai dar resultado, você vai ficar ali. Como é que tem sido lidar com isso? Porque é um problema sério em empresas grandes. É um problema sério para qualquer um, na verdade. Mas para empresas grandes, que tem uma governança mais estrita, porque tem um lado exploratório. Eu até brinco. Até de chamar o cara, já, de cientista (de dados) [00:21:40], você já está com uma expectativa de que não é (uma coisa) [00:21:43] tão previsível. É uma coisa exploratória ali.

Cíntia: Hoje a gente trabalha com IA, junto com um parceiro muito forte. E como que a gente trabalha para mitigar essa questão dos experimentos e os fracassos? Que isso naturalmente vai acontecer. Se eu consigo trabalhar com três ao mesmo tempo, por exemplo, tem fôlego para trabalhar com três iniciativas ao mesmo tempo, a gente sempre está trabalhando com seis, porque se uma delas estiver em um momento em que eu tenho que reaprender, ou que eu tenho algo que é pré-requisito, que ainda não chegou lá, eu sempre tenho coisas andando ao mesmo tempo. Então isso é uma estratégia que vem dando certo, mas o apetite para erro vem na disponibilidade de investir, sabendo que é uma ciência, que não é algo cartesiano.

Marcelo: Que tem alguém explorando, um cientista explorando.

Cíntia: É uma pesquisa.

Marcelo: Uma pesquisa, exatamente.

Denise: É a mentalidade de pesquisa, de experimento, de laboratório.

Cíntia: É.

Marcelo: Você reduz a ansiedade, tentando sempre garantir que algumas frentes estão dando resultados.

Cíntia: Exatamente.

Marcelo Porque aí, pelo menos, uma frente está mostrando para as outras que vale a pensa investir ali.

Cíntia: Exatamente.

Denise: Eu gostei muito quando a gente falou: “Então esse colaborador vai ter que estar sempre se reinventando, estudando”, e a Cíntia falou assim: “Olha que delícia”. Eu queria terminar esse podcast dando um recado aí para vocês, porque eu li um livro recentemente, chamado Nine Lies, que é Nove Mentiras. Coisas que a gente achou que eram verdades, e eram mentiras. E lá fala o seguinte, há uma crença que a gente é mais inovador fora da zona de conforto, e ele fala que é o contrário. Que quando a gente está fora da zona de conforto, a nossa mente fica focada na sobrevivência, então a gente não inventa, a gente só faz aquilo que a gente sabe para poder de virar. Tirou o seu chão, você não vai ficar inventando, você vai tentar fazer o que é menos arriscado. Mas, onde que eu acho que isso conecta com o que a gente está dizendo aqui? A pessoa que vai se dar bem, que está se dando bem nesses novos tempos, é justamente a pessoa que está confortável na incerteza. Confortável na tal zona de desconforto. Porque o que a gente vê de expectativas, de previsões, é que as coisas vão ficar cada vez mais complexas, mais abundância de canais, mais abundância de marcas, mais escolhas para os clientes. Ou seja, aquele estado do passado, de segurança, onde a gente criava um produto e ele ficava dez, 30 anos no mercado, hoje, nenhuma marca mais que a gente cria fica dez anos no mercado. No máximo, o nome dura mais tempo. Então esse cenário parece que é um cenário que não volta mais. Cenário do conforto. Cenário da previsibilidade, não sei. Mas independente disso, a gente precisa de mais pessoas que estejam, continuamente, confortáveis no desconforto. Concorda com isso, Cíntia?

Cíntia: (Certamente) [00:24:49].

Denise: Porque eu acho que você é essa pessoa.

Cíntia: Nossa.

Denise: Quando você fala: “Que ótimo. Imagina”.

Cíntia: Eu acho que assim, é uma das características realmente de quem está na carreira de tecnologia, gente. Não dá para pode gente ficar sentado naquela (tecnologia) [00:25:03] eternamente.

Denise: Não para nunca.

Cíntia: Então é uma carreira de evolução. Acho que aí tem duas coisas assim, é mente curiosa e vontade de aprender, aí o resto vem.

Denise: Amei. Curiosidade. A gente precisa falar mais sobre curiosidade, inclusive.

Marcelo: Só um comentário. A gente lançou agora pequenos episódios, que a gente chama de Enzimas, que traz algumas reflexões.

Denise: Boa.

Marcelo: A última é sobre isso. (Nós chamamos) [00:25:27] de Desassossego do Agilismo, que é isso, você sempre está no desassossego, no sentido que não existe. De cargo definido, função definida.

Denise: Fluxo.

Marcelo: Plano definido, fluxo definido. E para algumas pessoas pode parecer um exagero, mas é a verdade nova, então quem já estiver nessa transição, está muito mais preparado para o futuro.

Denise: Fica a dica aí, então. Se vocês ainda não estão ouvindo as Enzimas, da DTI, que são aquelas mensagens, aquelas reflexões mais curtinhas, mas que vão gerar insights para você, para sua carreira, para o teu dia a dia, para a tua vida pessoal. Bom, vamos fechar por aqui. Agradecer demais a Cíntia. E você ouviu Os Agilistas.

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#41 O falso abismo da Inteligência Artificial

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