
#199 Como se reinventar no desenvolvimento de software na era da IA
Transcrição
Transcrição – Entre Chaves Podcast: Futuro do Desenvolvimento
[00:00:07] Fernandinha: Está começando mais um Entre Chaves, o seu podcast de desenvolvimento de software. E hoje, a gente vai falar sobre um assunto filosófico. Vamos falar sobre o futuro do desenvolvimento. A gente já falou algumas vezes aqui no Entre Chaves sobre esse tema, mas há algum tempo atrás, em agosto, o CEO da AWS, Matt Garman, vazou um áudio dele sobre ele falando de uma possível extinção dos programadores devido, né, às evoluções da inteligência artificial. E é sobre isso que a gente vai falar aqui hoje. Mas antes, vou apresentar para vocês, na nossa temporada de especialistas do Entre Chaves, host junto comigo, o Gabriel Domingues. E aí, Gabs? Como que você tá?
[00:00:52] Gabriel: E aí, galera, tudo bem? Meu nome é Gabriel Domingues. Eu tô na DTI aqui, já tem mais de 5 anos já, passei por diferentes funções, desde desenvolvedor líder em times industriais, até papel mais gerencial e comercial que eu tenho hoje, sendo um dos líderes da Enterprise Hackers. É um assunto interessante, polêmico, e vamos ver se a gente descasca essa cebola aí.
[00:01:18] Fernandinha: É isso aí. E para falar desse tema hoje, a gente tá aqui com a Rafaela, que já veio aqui no Entre Chaves algumas vezes. Ela é engenheira de dados e arquiteta de dados aqui na DTI. E também com o Emanuel, que é um desenvolvedor de software aqui hoje. E aí, gente, assim, indo direto ao ponto, né, dessa polêmica, o CEO da AWS falou então coisas como: “A codificação é como a linguagem que falamos com computadores, não necessariamente a habilidade em si”. E ele falou coisas também como, assim, “A habilidade é como eu, eu inovo, como eu construo algo que seja interessante para os meus usuários finais”. Então, ele tá querendo dizer que, basicamente, “Ah, gente, o jeito que a gente programa hoje pode mudar, da mesma forma que há muito tempo atrás meu pai programava, por exemplo, de uma forma muito diferente do que a gente programa hoje. Então, talvez, daqui a alguns anos, os programadores vão programar de uma forma diferente”. E isso foi interpretado, né, pela comunidade como: “Poxa, fodeu, né? Agora os desenvolvedores vão acabar”. Abrindo aqui as nossas polêmicas, queria começar esse tema assim, né? O que que vocês acham que, realmente, a linguagem que a gente programa hoje é só o meio, ou ela também, enfim, né, ela vai evoluir para alguma coisa mais linguagem natural mesmo? Vocês não acreditam nisso? Vocês tão céticos aí?
[00:02:41] Rafaela: Essa frase que ele falou sobre a linguagem, né, ser o meio com que você se comunica com o computador, e não ser a habilidade em si que o programador precisa desenvolver para entregar suas soluções, acredito que ele tá 100% coberto de razão. Eu acho que hoje realmente, codar é um meio, mas a parte do desenvolvimento que hoje é o maior gargalo, eu não acredito que é essa parte técnica de codar. É muito mais a parte de engenharia de requisitos, de gerar valor para o negócio, de estar próximo do seu usuário e comunicação. Eu acho que são os principais fatores, e aí a codificação acaba que ela é o meio. Ela tem evoluído, né? A gente vê a evolução nas linguagens de programação cada vez mais abstratas, alto nível, frameworks facilitando a sua vida. A gente tem o No-Code, né, que foi assunto no Entre Chaves aqui vários episódios. A IA, para mim, é só mais um passo além, né, dessa abstração toda que a gente já tem.
[00:03:44] Emanuel: É, eu concordo muito com esse ponto também, porque eu acho, eu gosto muito de uma, acho que é uma paráfrase da máquina de lavar louça, que assim, antigamente não existia máquina de lavar louça, né? E as pessoas tinham que ir lá, lavar e tudo mais. Do mesmo jeito que antigamente não existia IA. E hoje em dia, pô, com uma máquina de lavar louça, você perde a função ali, não perde, né, mas deixa de ser tão relevante a função da pessoa que fica lavando louça. E trazendo isso para o contexto do mundo de programação, eu acho que, assim, o engenheiro de software passa a ser a pessoa que vai entender, que nem ele falou, o problema e trazer isso para o mundo real em soluções técnicas, um arquiteto de soluções, assim falando, e não mais a parte programática, que vai deixar de ser tão relevante assim. Que nem ela falou, que a gente vai começar a se comunicar cada vez mais, que nem a gente já tem hoje, né, muita comunicação ali, pô, com Copilot da vida, em linguagem natural, que ele consegue ali te auxiliar em muita coisa técnica. Você vê que, às vezes, até pessoas, assim, com senioridades muito grandes, ele te entrega um código de muita qualidade. Então, assim, acho que total que a linguagem de programação é só, assim, uma ferramenta para chegar no objetivo, né? E o que define o que você vai fazer com uma ferramenta ou não é seu objetivo macro, assim falando, né? Então, eu acho isso muito interessante.
[00:05:14] Gabriel: É, exatamente. Acho que as notícias podem pintar uma figura diferente, né, por ter sido um vazamento de um áudio, e algumas pessoas ainda falam que ele disse que a IA ia substituir o desenvolvedor. Mas quando você, que nem eu comentei mais cedo, né, quando você descasca um pouco a notícia, você vê que ele tá falando é de como os desenvolvedores vão performar o seu trabalho, de como eles vão construir uma aplicação digital. Os desenvolvedores ainda vão estar lá, eles ainda precisam entender como transformar uma solução, um problema real em uma solução digital. Afinal, a gente é engenheiro de software por conta disso, a gente tá engenhando algo novo. E a nova, as novas habilidades que os engenheiros de software vão precisar ter são mais abrangentes, um pouco mais multidisciplinares até, do que só codar, né? Codar é uma das tarefas que o desenvolvedor tem que fazer, e ela vai ser uma tarefa que vai ser melhorada, vai ser mais facilitada com o advento da IA e a maior disseminação da IA no desenvolvimento de código.
[00:06:18] Fernandinha: É, ele fala, né, nesse áudio aí, justamente que, em 2 anos, ele acredita que ser desenvolvedor vai ser muito diferente do que é hoje, do que foi, né, há alguns anos atrás. Hoje eu já acho que é diferente do que foi do ano passado, ano retrasado, quando a gente não tinha essas ferramentas tipo Copilot ou o próprio acesso ao GPT. Hoje eu acho que a gente já mudou a função. E acredito, eu concordo com ele, que em 2 anos parece pouco tempo, mas do jeito que a gente tá evoluindo, eu acredito que em 2 anos vai mudar muito também.
[00:06:52] Gabriel: É, a velocidade de inovação, não só do nosso meio de desenvolvimento de software, mas tecnologia em geral, tem sido muito maior do que a gente esperava e até do que a gente mesmo consegue entender com calma.
[00:07:08] Fernandinha: Exatamente. Assim, todas as ferramentas que a gente interage, né? Não sei como é que vocês têm visto isso, mas assim, até Word, Excel, PowerPoint, e-mail, IDEs, né, Visual Studio, Visual Code, as próprias provedoras das nuvens, Figma, Mural, tudo hoje tá lançando funcionalidades com IA, né? Então, assim, tá todo mundo mesmo correndo atrás, e a nossa função tá mudando muito. A gente tá, de fato, sendo acelerado. A produtividade do nosso trabalho tá mudando, de fato, né?
[00:07:45] Rafaela: Eu acredito também que a notícia, ela inflamou a reação das pessoas, né, por conta, talvez, das manchetes ali. Foi um pouco tendencioso, porque se você pega uma frase ali fora de contexto e coloca no título, fica essa coisa de: “Ah, o programador vai deixar de existir”. Gente, não foi isso que ele falou.
[00:08:09] Fernandinha: É, exatamente.
[00:08:10] Rafaela: Ele falou que o papel vai mudar, né? E ele, eu senti, né, no resto da fala dele, que ele deu dicas ali, né, de que você precisa se atualizar, você precisa acompanhar essa mudança, porque senão você vai ficar defasado no mercado. E aí teve outra fala também, que já foi mais no início do ano, do CEO da NVIDIA, que aí ele já foi no extremo ali, né? Ele realmente falou, deu a entender, né, que não será mais necessário você aprender uma linguagem de programação. Ele até disse que, se ele pudesse escolher uma carreira para ele, para ele mudar, ele iria para a área de biologia, né? Ele sugeriria você ir para biologia, porque agora a gente já resolveu esse problema aí, esse, essa necessidade tecnológica de programação já tá resolvido. Todo mundo pode ser um programador, palavras dele, né?
[00:09:05] Fernandinha: É, eu tava olhando, vendo isso aí também, né, do CEO da NVIDIA. Ele fala justamente, né, que aprender a codificar não deveria ser prioridade, né, para as pessoas mais, então, assim para os aspirantes aí. Então, não deveria mais as pessoas aprenderem a codificar. Eu acho que ele foi extremista, né, assim, porque eu acho que, de fato, os programadores ainda vão existir, porque ainda vão existir pessoas que precisam se comunicar, né, fazer algum, alguma engenharia de prompt, alguma coisa para conseguir chegar no objetivo final, que é gerar valor para os usuários, né? Então, eu acho que é exatamente esse negócio que o CEO da AWS falou, que para mim é a habilidade em si. Claro que a gente gosta de programar. Eu, como programadora, como dev que fui muito tempo, eu gostava de ir lá e programar e, né, ver meus códigos, entender, debugar. Claro que isso é muito legal, né? Mas, provavelmente, realmente, em algum tempo, a gente não vai precisar fazer tanto, entrar tanto no detalhe como isso, né? E talvez nas nossas habilidades, inclusive talvez o perfil dos programadores vai mudar, das pessoas que estão entrando na área. Eu acho que vai entrar para um lugar muito mais de comunicação. Não acho que vai existir mais o programador que recebe uma especificação debaixo da porta, executa e entrega. Eu acho que esse programador, na minha opinião, ele vai morrer mesmo.
[00:10:31] Rafaela: O arrastador de card no Jira.
[00:10:33] Fernandinha: É, o arrastador de card no Jira. Esse eu acho que vai morrer mesmo.
[00:10:38] Gabriel: É, o trabalho vai começar a ser mais alto nível, né? E isso vem até da própria evolução das próprias linguagens que a gente falou mais cedo. Antigamente, a gente tinha que, quem programava processador lá atrás, eu lembro do meu tempo de faculdade, monitor de processadores e periféricos, a gente tinha que ver código em Assembly.
[00:11:00] Fernandinha: Uhum.
[00:11:01] Gabriel: Eu espero que não exista uma massa de trabalhadores hoje que façam isso. Eventualmente, as linguagens evoluíram para um mais alto nível, que hoje você pode codificar de uma maneira muito mais tranquila e menos binária, literalmente, e eventualmente isso vai ficar mais natural. Acho que esse é o ponto, né? A linguagem de programação também vai evoluindo para ter uma naturalidade maior.
[00:11:24] Emanuel: Cara, eu concordo muito com isso, e assim, é um dos objetivos da NVIDIA, se eu não me engano, é criar ferramentas técnicas para a gente não precisar programar, né, para qualquer pessoa poder programar. Eu acho que nisso, tipo, o que passa a ser mais relevante é você ter conhecimento do domínio do seu problema, né, virar um expert ali no domínio do seu problema e não se preocupar tanto com a parte técnica, né, que é aí que entra esse grande boom assim, né? Porque essa parte técnica vai ser muito auxiliada por essas ferramentas de IA, que nem a Fernandinha falou, tá aí aplicada em tudo. E ainda mais com essas ferramentas Low-Code de arrastar blocos, assim, já é, poxa, fico impressionado com isso, como que chegou nesse nível.
[00:12:11] Fernandinha: Essa declaração, tanto acho que do cara da NVIDIA também, mas esse também do CEO da AWS, fato é que o mercado acaba sempre voltando nesse tema de: “E aí, vamos ser substituídos ou não?”. Né? E eu imagino que, quando o CEO da AWS, por exemplo, falou isso, os programadores da AWS devem ter ficado assim. E, de fato, né, lá 22, final de 22, início de 23, o mercado de tecnologia, né, sofreu um momento de layoff muito grande, né, que era uma, a gente estava numa bolha, a bolha estourou. Realmente, muita gente foi desligada nesse período, né, ali por volta de 23. E eu acho que a galera tem medo mesmo, né, de: “Poxa, e agora? Será que a IA vai me substituir ou não?”. E aí eu tava vendo uma pesquisa da Microsoft que chama Work Trend Index Report, que fala, gente, que 52% das pessoas usam IA no seu trabalho, mas relutam de falar que usam com medo de serem substituídas. Mas acho isso muito doido, justamente porque é esse medo mesmo do desenvolvedor de: “Pô, eu uso, mas se eu falar que eu uso, daqui a pouco eles vão querer me tirar daqui, né? Porque eles, enfim, estou fazendo meu trabalho muito mais rápido, e daqui a pouco eles vão achar que eu não sou mais necessário”.
[00:13:33] Emanuel: Aí vai muito do desenvolvedor, assim, ter a capacidade de se adaptar, né, a novos contextos, estar sempre, assim, procurando se inovar, né? Não sei se vocês concordam, porque assim, pensa se a gente codasse que nem 50 anos atrás, tipo, no Code::Blocks da vida, em C ali, Assembly, que nem você falou. Meu Deus, então.
[00:13:56] Fernandinha: É, total.
[00:14:00] Emanuel: Acho que não precisa ter medo de falar, assim, porque, pô, que nem eu, no meu trabalho, eu atuo como desenvolvedor, e assim, uma tarefa que eu ia demorar 3 dias para fazer, às vezes ali, só de você saber fazer um prompt correto, poxa, já adianta uma cara, uma vida.
[00:14:20] Gabriel: Se atualizar no seu campo de trabalho é algo que todo mundo tem que fazer, independentemente se mexe com tecnologia, se seu trabalho pode ser substituído por IA ou não. A Rafa comentou de, do, da fala do CEO da NVIDIA falando para a galera estudar biologia. Imagina se a medicina também não se atualizasse, né? Então, todo momento tem pesquisa nova, você precisa estar por dentro do que tá acontecendo antes de sair fazendo algo que vai afetar o mundo. O timing da notícia, né, da fala do Matt Garman, realmente não foi o melhor, né? Porque realmente a gente tá vindo de uma, de um ano aí bem pesado para nossa indústria, assim, de uma crise, lay-offs. E a própria indústria vende a IA como um aumento de produtividade, e aí algumas pessoas fazem essa conexão, né? Então, se a gente tá aumentando a produtividade, a gente pode precisar de menos pessoas para fazer o mesmo trabalho. Já estamos sofrendo layoff, então só vai aumentar essa crise. Aí ela não substitui o conhecimento de resolver problema, ela não substitui solucionar um problema, ela não substitui ser crítico sobre um estado de uma, de um mercado, de um produto. Ela vai substituir, literalmente, a produção daquela, daquele texto. E acho que em algumas profissões, de fato, as pessoas estão vendo essa ameaça de uma maneira maior, em algumas profissões que são mais repetitivas, que foi a mesma ameaça da automação há muito tempo atrás. Eu imagino que a gente não vai ter mais desemprego por conta da IA. A gente vai acabar se adaptando e evoluindo disso.
[00:16:04] Fernandinha: A gente se especializa, né? Afinal das contas, as pessoas vão se especializando, né? Vão se tornando engenheiros de prompt, né? Vão.
[00:16:15] Gabriel: Sabe-se lá o que vai virar isso aí ainda, né?
[00:16:17] Fernandinha: É, sei lá o que que vai virar, né? Mas.
[00:16:20] Rafaela: É muito, muito louco que, eu acho que, assim, quem trabalha, todo mundo aqui já codou, né, ou já usou IA, vocês ficam codando e tal, porque vocês, mas assim.
[00:16:31] Gabriel: No meu tempo não tinha. A gente codava.
[00:16:34] Rafaela: Quem usa no dia a dia sabe das limitações. Gente, vocês sabem o que eu estou falando. Esses dias eu tentei implementar, estou tentando implementar uma aplicação com LangChain, e o LangChain, quem conhece, sabe que é uma, é um conjunto de bibliotecas, e ele tá sempre tendo coisas novas. Tem o LangChain que tá deprecated, então tem várias bibliotecas novas. É muita coisa, e eu tava tentando implementar uma coisa do zero utilizando IA para gerar código, enfim. Foi tanta alucinação, assim, nada, nenhuma biblioteca que ele sugeria, a função existia, e aí eu tinha que procurar em outra biblioteca do LangChain, e na verdade não existia, era só alucinação. E isso acontece com muita frequência comigo. Acredito que, claro, a gente tá falando das limitações de hoje. Vai evoluir. Tem boatos aí que a OpenAI já tá lançando um novo modelo, Strawberry, né, que vai ter uma capacidade muito maior para resolver problemas matemáticos, programação. São boatos, acho que não saiu nada oficial da OpenAI, mas sempre vaza essas coisas, né, antes de lançamentos oficiais. Eh, tem o Orion também, que é outro modelo que vai utilizar as funcionalidades do Strawberry junto com GPT-4. Então, assim, a gente vê o mercado se movimentando para que isso evolua, e igual Fernandinha falou, evolui muito rápido, quase exponencialmente, né, se comparar com desde o surgimento dos primeiros modelos de linguagem até a gente chegar hoje nos modelos de grande escala.
[00:18:07] Fernandinha: Eu tava vendo, vou até, estou até tentando recuperar aqui, mas eu vi uma notícia hoje que eu li muito rápido, que o GPT tá lançando mesmo, eu não sei se é exatamente isso que você tá falando, mas algum módulo especialista em desenvolvimento.
[00:18:22] Rafaela: É o Strawberry.
[00:18:23] Fernandinha: Ah, então deve ser isso. Eu não codo todo dia, não, mas eu tenho usado o GPT para fazer aplicativos para mim, né? Coisa boa. E volta e meia ele cria, realmente, manda uns códigos que não funcionam, ou me fala sobre funções ou bibliotecas que não existem, né? Ou, enfim, ele, com certeza, tem, né, as suas bases por probabilidade lá que ele escolheu a resposta para me dar, coisas às vezes que já estão desatualizadas, ou que, enfim, né, aquela ferramenta já evoluiu, e acaba que eu também senti um pouco esse problema que você falou, né? Ou seja, será que, realmente, a gente vai chegar num ponto que a gente vai conseguir, com linguagem natural, criar software? Tipo, Devin, né? Não sei se vocês chegaram a ver há algum tempo atrás, que o pessoal teve até um frenesi assim relacionado a essa ferramenta chamada Devin. Eles não lançaram ainda, mas fizeram, tipo, um merchan assim de que iriam lançar, que é uma ferramenta que, aí essa sim, com linguagem natural, você faz um software, basicamente, publica ele. É uma loucura. Só que eu acho que, do jeito que a gente tá, realmente, a gente não tá ainda maduro o suficiente para você, você precisa refinar muito. A minha percepção é que você precisa conversar muito ainda, refinar muito seu prompt para chegar em resultados muito, muito efetivos, né? A ponto de, sei lá, de conseguir pegar aquele código, executar e colocar em produção. Eu não acho que isso hoje a gente tá nesse ponto.
[00:19:49] Gabriel: É. Outro dia eu gastei, assim, 5 minutos com, só refinando um prompt para fazer um meme e perdi o timing da piada. Às vezes não vale a pena. Mas, eh, de fato é isso, eh, tem muita coisa que esses modelos de agrupamento de dados, de linguagem natural, eles buscam muito por aproximação. Eles não têm, necessariamente, uma análise crítica, uma inteligência que tá vendo e sendo crítica sobre contexto, informação. Então, às vezes, eles podem puxar coisa que tá num campo ali próximo das ideias, mas não, de fato, conecta. Aí você vai pegar funções atualizadas, eh, alucinações de texto. Eu mesmo, esses dias eu pedi para ele quantos dias úteis tinha em outubro, que eu tava com preguiça de contar, e ele me deu um dia a mais, assim. Se eu fosse mandar uma, algo comercial com dados de dias úteis no mês, eu ia estar mandando errado. Então, assim, para estar num nível que você confie completamente na solução da IA para despachar um produto para o mercado, eu acho que, no fundo, ninguém hoje tem essa confiança.
[00:20:57] Fernandinha: É, ainda não. Ainda é muito copiloto, né? A gente ainda tá nesse ponto.
[00:21:02] Emanuel: E a gente ainda precisa ter uma pessoa especializada naquele assunto, naquela disciplina, que consiga ser capaz de discernir o que a IA não discerniu, criticar aquele trabalho e, de fato, reformular aquilo para que seja um, realmente um produto, para que seja rentável.
[00:21:20] Rafaela: E não só isso, mas também saber usar, saber interpretar e saber como pedir algo para a IA, porque hoje a gente, se a gente pegar modelos mais simples, né, de Machine Learning, com funções simples, a gente consegue interpretá-los com muita facilidade, né? Uma regressão, a gente consegue interpretar, mas à medida que vai tendo uma complexidade maior, vira quase uma Black Box. E hoje as pessoas que utilizam IA, nem sempre elas entendem como funciona. Basicamente, vai prever próximo token, próxima palavra, entre aspas. E se você não entende o funcionamento, fica muito difícil você fazer bons prompts, né? Então, a engenharia de prompt, já entrando, acho que, em outro tópico, talvez seja um papel que possa surgir, um engenheiro de prompt, talvez, não sei. Eu sei que outros papéis, assim, acredito que sim, vão surgir, como especialistas em ética com IA, que é um assunto também que vai, relacionado à segurança de dados também, porque isso é uma preocupação de muitas pessoas que utilizam ferramentas de IA, né, as empresas, ou então a expansão de outros papéis que já existem, né, como, por exemplo, engenharia de dados, cientista, um engenheiro de Machine Learning. Será que vai virar engenheiro de LLM?
[00:22:38] Gabriel: E se você desenvolve um produto usando IA, quem que é o dono desse produto? Quem que tem a propriedade intelectual sobre o código que foi escrito?
[00:22:47] Emanuel: Poxa, nunca tinha pensado desse jeito, hein?
Gabriel: É, isso pode até nem ser uma prática acessível, né, para muita gente, porque se, realmente, você tiver que pagar por essa propriedade intelectual, tem que treinar IA em códigos que você já tenha desenvolvido, quem desenvolveu esses códigos. Eh, se for uma IA pública, esse Strawberry da OpenAI, quem garante que o custo disso vai ser acessível para muita gente fazer também?
[00:23:14] Rafaela: Não vai. Boatos que não vai. Isso, inclusive, foi algo que falaram bastante sobre o custo.
[00:23:21] Gabriel: Então ainda tem muita coisa que acho que a gente, como sociedade, a gente tem que aprender, de fato, sobre como a IA vai integrar no nosso mundo.
[00:23:30] Fernandinha: Com certeza. Eu tava lendo uma notícia, de novo, né? Eu só estou, aparentemente, só lendo notícias de manchete, né? Só que as manchetes não entram na notícia. Mas estava vendo uma pessoa, um artista que produziu uma obra utilizando IA, estava exigindo os direitos autorais sobre a obra, né? Então, tipo assim, que é justamente isso aí que você falou. A IA produziu o negócio para ele, claro que ele interagiu via prompt, via, né? Ele que conduziu aquela, como se fosse assim, ele dirigiu a obra, mas foi a IA que criou. É a mesma coisa do código que você acabou de falar, né? E aí, se meu, se foi a IA que fez meu código inteiro, e aí, o código é meu ou dela? Será que ela, realmente, também não pode, né, enfim, reivindicar que o código é dela e distribuir o código que talvez vai ser uma, sei lá, um segredo, né, da minha empresa para outras pessoas? Então, assim, eh, isso é um, eu acho também que é um negócio que ainda vai, a gente ainda vai evoluir muito, né? Mas, mas até pegando no gancho que a Rafa falou em relação a, aos novos papéis, eu acho que é um negócio muito interessante mesmo. Eu acredito também, né, que vão existir muito mais engenheiros de prompt, né? Já existe demanda por esse papel, né, de engenharia de prompt. Como você falou, cientistas, talvez um engenheiro de Machine Learning vai virar um engenheiro de LLM, né? A gente tá vendo muito também, até aqui na DTI, a gente tem visto aumento da demanda de clientes querendo produtos utilizando, basicamente, RAG, né, que é você aumentar, né, a inteligência com seus dados, né? Então, se você conseguir enriquecer as respostas dos modelos com seus dados e, ou seja, você utiliza todo o aprendizado que já existe dentro de um modelo público, mas enriquece ele com seus dados, e isso, para mim, eu acho que vai ser um dos grandes, das grandes coisas que as empresas vão passar a usar muito. Então, talvez eu não precise, né? Essas profissões aí eu acho que vão mudar todas. Mas eu tava num evento, até já tem bastante tempo, já deve ter mais de 6 meses, que falaram do AI Product Manager.
[00:25:40] Gabriel: Nome bonito não falta, né?
[00:25:42] Fernandinha: E aí tem agora também o Chief AI Officer, né, que é o CAIO. Juro, tem agora isso, né?
[00:25:51] Gabriel: Se você chama Caio e está nos ouvindo, você é predestinado, meu caro.
[00:26:00] Fernandinha: Mas fato é que, nessa pesquisa da Microsoft, eles falam que 66% dos líderes hoje dizem que não contratariam pessoas que não têm habilidades com inteligência artificial. E 71% dessas pessoas, né, dizem que preferem contratar um candidato menos experiente com habilidades em inteligência artificial do que um candidato mais experiente sem elas. Então, isso é, realmente, uma mudança, gente, que a gente tá vendo, né, no mercado. E assim, se a gente não estudar, se a gente não entender engenharia de prompt, se a gente não conseguir fazer bons prompts e interagir, e ficar, realmente, bem aberto para interagir com essas ferramentas de IA, a gente vai ficar para trás.
[00:26:46] Gabriel: É, eu acho que isso entra até muito em algo que eu tenho para mim, o que eu tive para mim quando eu estava atuando de gerente de uma das nossas tribos aqui, que era, eu sempre valorizava muito, obviamente a gente tem que ter um mínimo de hard skill nas pessoas, mas eu gostava de valorizar muito soft skill, capacidade da pessoa aprender novos assuntos, a destreza que ela tinha para se virar. E eu acho que é justamente esse o ponto final, assim, da, o que a gente pode destilar da frase do CEO da AWS é isso, né? A gente tem que ser mais capaz de engenhar, de resolver problema, de saber se adaptar, afinal somos todos ágeis aqui, do que, necessariamente, só saber a linguagem em si.
[00:27:32] Rafaela: Primeira vez que eu ouvi a palavra “engenharia de prompt”, eu achei ridículo. Gente, eu comecei a rir, porque, beleza, eu sou engenheira de prompt. Tipo assim, tá, vou escrever prompt para IA. Até que eu peguei um projeto que eu preciso comparar o resultado de quatro modelos diferentes, e eu preciso de um resultado determinístico, ou o mais próximo de determinístico possível. Enfim, eu estou surtando, e eu estou iterando no meu prompt, iterando, iterando, modificando, e isso já tem um bom tempo.
[00:28:09] Gabriel: Eu vi até, a gente comentou sobre artistas também que usam IA hoje já. O primeiro pedido, o primeiro prompt, nunca sai o que você quer, né? Que nem eu brinquei da, do meu meme aí. Então, até mesmo o resultado que sai nesses usos que a gente já tem consolidados hoje, você ainda tem muito trabalho de edição em cima, você ainda tem que refazer tudo aquilo que você pediu, e às vezes o resultado não vem como você esperava. Tem uma edição que precisa ser feita, de fato, eh, antes da gente conseguir ter um produto, qualquer que seja, né, uma imagem, um texto, um modelo totalmente feito por IA, acho que ainda, minha opinião é que ainda vai demorar um pouquinho.
[00:28:51] Fernandinha: É. Essa habilidade, né, assim, fazer bons prompts não é uma coisa fácil, como a Rafa falou, né? Demanda tempo mesmo, demanda a gente, realmente, ficar ali conversando, conversando. Tava vendo esse mesmo estudo da Microsoft, estava lendo sobre ele, e ele fala, né, sobre usuários avançados de IA. E aí, quando comparados com outros entrevistados, essas pessoas, elas são mais propensas a fazer pausas frequentes antes de uma tarefa e se perguntar se a IA pode ajudar. Além disso, ele fica tentando obter a resposta mesmo se ela, se ele não consegue obter de primeira vez, que é basicamente isso, né? Às vezes utilizam lá um GPT da vida, fazem um prompt meio merda, tem uma resposta, fala: “Ah, tá vendo aí, ó? Não foi uma merda, não deu certo”. Aí os usuários avançados, eles ficam tentando por muito tempo, refinando seu prompt. Eles também marcam o dia com a IA, usa a IA para começar o dia, para planejar o novo dia. Mas eu acredito que é o caminho, gente. De novo, a gente tá aqui falando sobre futuro de desenvolvimento. Por que que a gente tá falando sobre isso? Porque, para mim, a gente deveria, de fato, como desenvolvedores, cada vez mais nos habilitarmos a fazer bons prompts e a interagirmos e sermos usuários avançados de inteligência artificial.
[00:30:13] Emanuel: Fernandinha, sobre engenharia de prompt, eu lembrei de uma coisa agora muito legal, que teve uma vez que eu estava fazendo um trabalho para faculdade, e aí eu precisava fazer um prompt muito bom para conseguir resolver o trabalho. Chegou um momento que eu não estava conseguindo, eu pedi para, eu expliquei meu problema para a IA, falei: “GPT, boa noite”. Eu sou muito educado, se tiver revolução das máquinas, eu estou salvo. Mas eu expliquei todo meu contexto para ele, e aí no final eu falei: “Gere um prompt para uma IA generativa que irá resolver esse problema”. E aí ele me gerou o prompt, colocando, entre colchetes, palavras-chaves que eu teria que modificar, e aí eu mandei anexado com o trabalho, velho, ficou perfeito, assim. Nunca consegui fazer um prompt tão bom na minha vida. Então, eu acho que chega um momento, assim, que até a própria IA começa a te ajudar a gerar um prompt, não?
[00:31:11] Fernandinha: Sim, claro. Aqui a gente até já falou. Aqui na DTI a gente tem, né, os meta, um metaprompt, né, que é um prompt que te ajuda a gerar prompt, né? Então, basicamente, é bom essa.
[00:31:23] Gabriel: Qual que é o nome do engenheiro de prompt que gera prompt?
[00:31:28] Fernandinha: É, exatamente. Então, assim, é um negócio, realmente, né, que a gente vai refinando os nossos prompts usando prompts, né? Então, a gente vai ficando cada vez mais.
[00:31:42] Emanuel: E você viu que já tem algumas certificações de empresas grandes sobre engenharia de prompt, que nem a AWS já tem uma certificação de engenheiro de prompt? Tem outras também, não sei se tá aqui. Eu vi a da AWS porque eu estava olhando umas certificações para tirar de computação em nuvem, e eu vi lá, eh, trilha de engenharia de prompt. Eu falei: “Poxa, que maneiro”. Então, assim, você vê que o próprio áudio aí que vazou do CEO da Amazon falando, ele já tá ali fornecendo uma própria certificação para você virar um bom engenheiro de prompt, que quem sabe não seja o futuro, né?
[00:32:15] Fernandinha: Também. Quem sabe ele não vazou o áudio para isso, né? Vazou.
[00:32:24] Rafaela: Vazou entre aspas.
[00:32:27] Gabriel: Uma coisa que eu teria aproveitado muito da IA no meu tempo de desenvolvedor, e eu acho que a gente vai conseguir convencer alguns desenvolvedores que estão com medo de IA usar, é documentação de código, documentação técnica. Se isso tivesse na minha época, teria me poupado umas boas horas de sono ou de aprendizado de outras coisas.
[00:32:50] Rafaela: Teste unitário.
[00:32:51] Emanuel: Nossa. Teste unitário, a IA decola, velho. Que sonho.
[00:32:58] Apresentadora: É, para mim, teste unitário, refatoração também, né?
[00:33:03] Emanuel: Eu acho que até o momento de explicar ali, vamos supor, você pegou uma feature que de um outro colega que desenvol veu e a lógica dele, pô, o cara ali não seguiu princípio do SOLID ali, não seguiu clean code, tá difícil de entender, tá um código maçante. Você manda, ela consegue te explicar a lógica e, pô, o que você ia gastar ali duas horas para entender, você lê ali o texto, relê, pode gastar duas horas tentando entender o texto, né, mas
[31:03] Gabriel: Imagina você que trabalha com sistema legado, se você pudesse atualizar esse sistema hoje para uma linguagem mais nova, que vai te trazer uma capacidade de entregar mais, não só entregar mais em termos de produtividade, mas fazer coisas novas com seu produto também.
[31:20] Emanuel: Migrações. Eu tô num cliente hoje que é muito interessante, que lá, eh, eles fizeram recentemente algumas modificações em como é feito, eh, análise de código para aprovação de MR. E, cara, é muito interessante que eles têm um code guide, que eles colocam lá todas as regras que têm que ser seguidas, e agora eles criaram um bot que fica atrelado no GitLab, que quando você sobe seu código, vai automaticamente uma IA lendo e te sugerindo melhorias, cara. Muito interessante, tipo, esse seu método ficou muito grande, tá violando o princípio aqui tal. Então assim, fiquei muito impressionado com isso. Achei chatão, porque agora meus códigos estão barrando, né, mas, pô, muito interessante, assim. Você vê um impacto muito significante ali diretamente na qualidade do seu código, assim.
[32:17] Fernandinha: Beleza, entendemos, IA inevitável. A princípio não seremos substituídos, mas a gente vai, nossa, nossa profissão vai mudar. O cara do GitLab, ele fala, né, que, que ele não acha que a pergunta certa é se a IA vai substituir ou não os desenvolvedores. O que ele acha que é a pergunta correta é: como que as empresas podem aproveitar o poder da IA, né, ao longo do ciclo de vida de desenvolvimento de software para acelerar a inovação e gerar impacto comercial tangível para os clientes? E o que ele fala, sim, é, no final da fala dele é: os desenvolvedores não vão desaparecer. Pelo contrário, o trabalho deles está prestes a ficar muito mais empolgante. O que que vocês acham em relação a quem tá começando? Não começa? Ou vocês concordam com o cara do GitLab de não, vai ser até muito mais legal?
[33:19] Rafaela: Eu acredito que os desenvolvedores precisam começar, para quem não começou ainda, começar a experimentar com IA no seu dia a dia de trabalho, começar a utilizar as ferramentas e fazer experimentos mesmo, testar. E se eu usar IA para fazer essa determinada tarefa, como que eu poderia utilizar? E, claro, buscar então se aprofundar, né, em como funcionam essas IAs, porque não basta só a gente chegar e utilizar, né? Como é que funciona o modelo de linguagem? E ir cada vez mais se aprofundando, né? Quem sabe a gente não possa ter devs no futuro que sejam cada vez mais híbridos, né, que tenham esse viés de engenharia de machine learning, que conheçam de IA, que conheçam como funciona uma LLM, ou até mesmo como treinar uma LLM. Acredito que é começar desde essa base mesmo de usar, de se expor àquilo, até você, de fato, se aprofundar e aprender mais sobre o que é a IA, né, tecnicamente, não só esse discurso que a gente tem hoje, né, mais alto nível.
[34:32] Fernanda: Mas e a galera que tá começando? Você acha que eles começam ou não começam?
[34:38] Rafaela: Começam. Eu acho que a base
[34:40] Fernanda: Quem tá começando que eu digo, não, eu tô falando nem, nem é o desenvolvedor que não usa ainda não, mas tô falando assim, a pessoa que tá lá sem saber se ela vai fazer
[34:49] Gabriel: Ou se ela vai fazer biologia.
[34:51] Rafaela: Ou se ela vai fazer biologia, ou se ela não vai fazer, sabe?
[34:54] Emmanuel: Ou se ela vai achar a cura de alguma doença.
[34:56] Gabriel: Se você gosta de biologia, por favor, faça biologia.
[35:02] Rafaela: Eu acho que a base hoje ainda é muito importante, né? Eu não vejo ela não sendo ainda, não importante, porque a gente precisa ser crítico com o que a IA gera. Então para eu ser crítica, eu preciso conhecer a base, né? Eu preciso me aprofundar, eu preciso conhecer as ferramentas, as stacks, e eu preciso disso para conseguir resolver problemas, né, de negócio. Agora para o dev que já tá ali, que já é desenvolvedor, às vezes júnior, pleno, que já tá ali na profissão, é o que eu diria para essa pessoa, se ela não começou a utilizar IA, é: experimente com IA, passa a utilizar os recursos no seu dia a dia, passa a buscar resolver suas tarefas com IA, e experimente, faça testes, e tente automatizar mesmo seu trabalho, torná-lo mais fácil, e vá se aprofundando e estudando até conseguir se aprofundar, entender como é que a LLM é capaz de predizer uma palavra, predizer um token. Então acho que é muito legal, é uma área que é muito matemática, mas hoje a gente tem várias ferramentas, né, que a gente consegue estudar e aprender, e aí, assim, o céu é o limite, né? Depois você pode aprender a matemática se você quiser.
[36:25] Fernandinha: É, e eu acho, né, pensando nisso que você tá falando, que a tendência no futuro é de um profissional de TI, né, é dele ser muito mais generalista do que ele é hoje, né? Porque hoje a gente ainda tem muitos, né, muitos papéis, assim, dentro do desenvolvimento. Tem o cara de front, o cara de back, tem o cientista de dados, tem o engenheiro de dados, aí tem o analista. Tudo bem que aqui na DTI a gente tenta ser um pouco mais generalista, mas eu acho que o mercado, a tendência do mercado vai ser essa também. Acredito mesmo que, eh, no futuro não vai ter mais o cara que é só front, porque vai ter mesmo a pessoa que, que pede o código, né, e faz algum tipo de, de revisão e tudo mais. E o que você tinha falado em algum momento, né, em relação a profissionais muito mais híbridos, talvez, né, o dev vai ter muito, talvez também algumas habilidades de cientistas de dados, né? O dev vai ter umas habilidades de engenheiro de dados.
[37:29] Rafaela: Já tá acontecendo, né, essa, com essa moda de chatbots, você tá vendo um monte de dev tendo que lidar com RAGs e LLMs.
[37:39] Fernandinha: Exato, exato. Aqui, a gente tem visto aqui na DTI que aumentou a demanda, né, para projetos de RAG, exatamente. Talvez no futuro tudo vai virar uma interface conversacional mesmo, né? Talvez a gente não vai ter mais os aplicativos que a gente fica aqui interagindo, vai ser tudo via WhatsApp, pronto, acabou. E aí eu não tenho mais aplicativo que, né, não vou ter precisar de pedir, abrir meu iFood para pedir uma comida, ou abrir o Uber para pedir um Uber. Eu vou chegar no WhatsApp e falar assim: “Hoje eu queria um hambúrguer do Lifebox”. Aí ele vai lá e pede para mim.
[38:17] Gabriel: Acho que o ponto é esse para quem tá começando, não só na área, mas também a usar mais IA, é não se limitar a uma coisa só, não se limitar sua capacidade de produzir pela IA, e saber usar IA ao seu favor, né, se potencializar pela IA e não se limitar a ela.
[38:40] Fernandinha: Exato. A IA provavelmente não vai te substituir, né, mas você precisa se aliar a ela para conseguir enfrentar essas mudanças que o mercado tá propondo. Bom, gente, então é isso, assim. Acredito, né, que esse bafafá que aconteceu, né, em torno da fala do CEO da AWS, realmente foi talvez um overreacting aí relacionado, né, ao medo mesmo que os programadores, eu acho que estão mesmo, como a gente falou, muito talvez também esses reflexos dos layoffs do ano passado que a gente sofreu. Mas, por enquanto, acho que a gente ainda tá salvo, vamos falar assim. Claro que a gente não consegue prever o que que vai acontecer ano que vem ou daqui a dois anos, mas a gente, né, o caminho que a nossa conversa foi, acredito que todos concordamos que a profissão vai mudar, com certeza. Para isso a gente precisa evoluir em muitas skills que talvez hoje, né, muitos programadores não tenham.
[39:43] Rafaela: E vai ter coisas obsoletas mesmo, vai ter. Hoje eu não preciso programar em cartão perfurado, gente.
[39:50] Fernanda: Exato, exato. Vai acontecer. É, hoje ninguém, a gente não usa máquina de escrever mais, sabe, assim, né?
[39:58] Gabriel: Bug hoje não é um inseto que ficou preso na engrenagem.
[40:04] Fernanda: Exato. Então
[40:06] Gabriel: A gente gosta de reagir exageradamente às notícias, né? Então acho que faz parte também do burburinho que isso causou, né?
[40:13] Fernanda: É, o burburinho é sempre importante, né? Mas a gente já tá vendo a mudança no mercado, como a gente falou, né, dos novos papéis que estão sendo adicionados, né, da importância que esse tema tá tendo mesmo no mundo, né? Então assim, mudar, vai, gente, vai mudar. Mas, por enquanto, ainda não acreditamos numa extinção dos programadores, como muitos falaram aí. Bom, galera, valeu, até a próxima, e é isso aí. Tchau, tchau.
[40:45] Gabriel: Beijo.
[40:46] Emmanuel: Falou.

Será que, com a popularização da IA, a profissão de desenvolvedor não será mais necessária? Neste episódio, Rafaela Milagres, Engenheira e Arquiteta de Dados, e Emmanuel Viglioni, Engenheiro de Software, ambos da dti digital, compartilham a sua visão sobre o futuro do desenvolvimento de software. Dê o play e ouça agora!
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