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Marcelo: Bom dia, boa tarde, boa noite. Vamos começar mais um episódio dos Agilistas. Eu estou aqui hoje com (Vinicião) [00:00:08], tudo bom, Vinicião?Vinícius: Tudo bom, pessoal?Marcelo: Pessoal, hoje nós estamos com dois convidados aqui que vão se apresentar em alguns momentos e hoje nós vamos explorar muito o comportamento humano, talvez, na sua essência, sabe assim? A gente sempre fala aqui no episódio, a gente e eu acredito nisso desde que eu comecei a trabalhar com agilismo lá nos anos 2000, para mim quando você começa a basear, se basear no agilismo até do ponto de vista de gestão de pessoas no fundo, no fundo, o resumo disso tudo é que você acredita nas pessoas. E acreditar para as pessoas significa (não essencialmente) [00:00:42] ouvir e entender as necessidades das pessoas. E nesse mundo maluco que a gente vive, agravado aí por essa pandemia, as pessoas estão mais ansiosas, as pessoas estão com mais questões existenciais, mais questões filosóficas e (devido a isso) [00:00:58] existe um caminho pelo menos para a gente se acalmar um pouco em relação a isso. Nós vamos explorar esse assunto hoje, é claro que o podcast acaba sempre tendo uma perspectiva da empresa, mas eu acho que esse episódio hoje tem um aspecto interessante, porque antes da empresa tem realmente a perspectiva de cada um, o jeito que cada um se enxerga, então é isso que nós vamos escutar. Então é isso, nós estamos com dois convidados aqui, uma é uma especialista no tema, tem um podcast sobre isso e o outro é um estudioso e que também pratica isso, então vão ser trocas de experiências interessantes. Estamos aqui com Regina Gianetti, tudo bem, Regina?Regina: Olá, boa tarde, bom dia, boa noite, te acompanhando. Um prazer estar aqui com vocês para discutir essa questão das pessoas que são, enfim, o ser humano é a matéria-prima do Autoconsciente. Produzo o podcast Autoconsciente que está em todos os lugares, existe desde novembro de 2017, é um dos dez maiores podcasts hoje do Spotify, está entre os maiores do Brasil falando de gente, falando de nós, falando da nossa mente, das nossas emoções, trazendo essa ideia de estar mais autoconsciente. Ter uma vida interior. Então é com essa perspectiva que eu pretendo contribuir com a conversa.Marcelo: Excelente. Estamos aqui com o Jeison, desculpa, qual o seu sobrenome, Jeison?Jeison: Queria ver você ler esse sobrenome, eu gosto quando as pessoas tentam.Marcelo: Jason Arenhart, sou eu, como meu nome é Szuster, eu estou acostumado.Jeison: Legal, você já sabe.Marcelo: Arenhart (inint) [00:02:39].Jeison: É isso aí, é basicamente uma sopa de letrinhas, cara. Meu nome é Jeison. A minha mãe colocou nome americano para seguir depois o Arenhart que é um alemão e o de Bastiani italiano e para sair um brasileiro safado desse. Eu fico pensando que bagunça, mas brincadeiras à parte eu tenho muito orgulho de tudo isso que está aí no meu nome. Meu nome é Jeison Arenhart de Bastiani, Jeison escrito errado, J-E-I-S-O-N, nem para ser o Jason igual os americanos mesmo não é. Eu trabalho na ForLogic, uma empresa de tecnologia, assim como a DTI, mas a gente tem um viés focado em qualidade, excelência e gestão. Eu medito, eu puxo nosso time e as nossas meditações você sabia, Regina, eu não eu te falei, mas na firma tem meditação todo dia. Todo dia 13h20 a gente medita, é difícil trazer as pessoas, volta e meia estamos em três ou quatro lá, mas eu estou lá quase e eu trago meu filho de cinco anos para meditar comigo. É aquela luta, mas todo dia eu estou meditando. A ForLogic é uma empresa de tecnologia que trabalha com qualidade e excelência. A gente tem software para quem quer implantar ISO 9000, ISO 14000, qualquer tipo de sistema de gestão e para quem não quer a ISO, quer a excelência, os clientes que eu mais gosto inclusive, aqueles que vêm porque eles querem ganhar performance, acompanhar indicador, fazer auditoria dos processos, esses são os que eu gosto. E a gente produz, assim como a Regina tem o Autoconsciente, só que o nosso é muito mais modesto, eu nem sei em que lugar ele está, depois você me conta onde eu descubro isso, Regina, é o Qualicast, que é um podcast sobre qualidade, excelência e gestão. É um podcast nichado, pequeno. Eu brinco sempre com o Luciano Pires, que é um amigo de vocês aqui, já esteve aqui, eu já ouvi ele aqui no Agilistas, já ouvi vocês lá, que não tem como, cara, porque é muito fechadinho, muito nichadinho. Então eu sou praticante disso, eu lidero uma empresa, eu acho que as pessoas são o grande desafio de um negócio, qualquer negócio que seja. Nunca fazer das pessoas um meio. As pessoas são um fim em si próprias, então quando se faz da pessoa um meio se começa a tratar o cidadão igual um objeto e daí vai contra a abertura que você fez, viu, Szuster, de pensar na pessoa e aí vai para o lado errado na largada.Marcelo: Já começa a história do recurso humano, de tratar como recurso.Jeison: É.Marcelo: Então, eu queria ver com a Regina, o Autoconsciente é uma tradução de Mindfulness? Que é o termo que eu vejo que muitas pessoas usam ou não é uma tradução e o que exatamente é isso, só para quem não conhece o termo começar se familiarizar com o que que nós estamos falando aqui.Regina: O Autoconsciente fala de uma série de assuntos que estão em torno do Mindfulness. Então eu sou uma instrutora profissional, fiz uma formação para isso, eu atuo no desenvolvimento humano há muitos anos, mas quando eu fui em busca de Mindfulness para mim, na verdade eu nem fui em busca de Mindfulness, eu encontrei o Mindfulness, não foi ele que me encontrou e me encantei. Comecei a praticar até como autodidata, não havia nada no Brasil naquela época. Comecei a praticar e depois é que eu vim fazer uma formação para então poder atuar como instrutora. Como instrutora eu comecei oficialmente em 2016, no início de 2016 com essa atividade, eu criei um projeto, o projeto Você Mais Centrado, que é um programa de autogerenciamento com base em Mindfulness que traz também além das práticas, traz neurociência e traz um pouco de filosofia, a base filosófica que a gente associa ao Mindfulness. Mindfulness são, digamos assim, práticas no primeiro momento meditativas, mas em uma abordagem leiga. Não é associada à nenhuma tradição, embora derive, claro, de uma tradução Vipassana, de uma tradição antiga, que tem a similaridade com o Zazen do budismo, enfim, mas imaginem que a neurociência começou a estudar o que acontece com as pessoas que meditam e descobriram: “isso é bom”, então ganhou o nome de Mindfulness e foi trazido com essa abordagem laica, uma abordagem leiga. Muito bem, eu comecei a fazer o meu programa, comecei a dar meus cursos, ter alunos e eu queria manter a chama acesa. Queria manter os alunos motivados a praticar, queria mantê-los em contato com os assuntos, porque autoconsciência puxa tudo na vida. Tudo, tudo, relacionamentos, saúde, saúde mental, autoconsciência, digamos assim, é uma base para você viver e escolher e ter escolhas mais conscientes. Então ele acaba trazendo uma série de assuntos, infinidade de assuntos. E eu então inicialmente comecei a fazer um podcast, eu comecei de um ponto zero: o que nós estamos vivendo hoje? O lendário (inint) [00:07:33] no sentido do que que nós estamos vivendo hoje nessa bagunça, esse turbilhão, isso em 2017. E foi evoluindo, eu fui falando de assuntos até comecei pelo gerenciamento de atenção que é um assunto mais, digamos assim, superficial e o Autoconsciente vem se aprofundando, aprofundando, hoje eu estou falando de perdão. Meu último episódio foi sobre perdoar-se. Então no Autoconsciente eu falo muito de Mindfulness, eu falo da filosofia de vida associada à Mindfulness, mas aplicando isso nos diversos aspectos da vida. E ele acaba entrando um pouco na linha da espiritualidade, ele acaba entrando um pouquinho, não da religião, mas da espiritualidade. Ele acaba entrando um pouquinho na linha da filosofia. Acaba entrando muito na psicologia, eu gosto muito de psicologia. Eu sou uma estudiosa informal, eu adoro Jung, estudo Jung, leio sobre Jung e aquilo que eu trago para mim, aquilo que funciona na minha vida, eu costumo dizer isso também, meu papel é compartilhar. Então aquilo que funciona na minha vida, o meu entendimento, enfim, as minhas sacadas, eu compartilho. Se servir para você então que ótimo, então é essa a pegada do Autoconsciente.Marcelo: Eu acho curioso, porque esse desassossego que a gente tem, o ser humano, isso é antigo. Quando a gente; eu acho curioso.Jeison: Saímos da caverna por conta disso, gente, pelo amor de Deus.Marcelo: É curioso, que às vezes a gente sempre acha que as nossas questões são únicas daquele momento ou que vivemos uma era, eu até acho que as coisas devem ter talvez se agravado, mas é só mais uma pergunta para Regina nesse sentido assim. Eu já li um pouco sobre esse assunto também e você vê alguém há mil, não sei quantos mil anos atrás chegando à essa conclusão que a gente fica preso no passado ou no futuro e não vive o presente, ou seja, não tinha nem internet, nem vivia em cidade grande e nem nada disso, mas estava lá ruminando o passado ou então ansioso com o futuro. Isso é uma consequência quase biológica do nosso cérebro. É possível de fato lutar contra isso mesmo ou é um destino?Regina: Sim, sim. Não se trata de lutar, mas se trata de você escolher. Então a mente humana é divagante por natureza, o cérebro humano tem funções que os animais não têm, então nós temos realmente essa capacidade que nos distingue como seres humanos que é de nos projetar para o futuro, a nossa mente pode se desprender do aqui e agora. Isso é muito importante, porque nós planejamos, nós imaginamos, nós criamos, nós temos, enfim, um potencial incrível. Nós voltamos para o passado porque refletimos, lembramos, trazemos as lições do passado para a nossa vida. A própria noção do eu também usa muito essa fusão de se desprender, enfim, de refletir. Então ok, isso é uma característica do ser humano, mas de fato como o ser humano também como animal biologicamente ele é e o seu cérebro é programado para evitar a incerteza, para evitar o sofrimento, para a autopreservação; o que, aliás, os animais também têm, os animais também evitam a incerteza, o cérebro dos animais tem as mesmas funções em certa medida do que nós temos de estresse, ansiedade, de evitar perigos, ter reações automáticas, de luta, fuga, tudo isso nós compartilhamos com os animais. Nós temos um nível mais interno do nosso cérebro que é dado aí de ancestrais de milhões de anos e está tudo lá, tudo o que a gente precisa também para se manter vivo como organismo, como animais que somos temos essa parte instintiva nossa. Porém, essa mente que é tão poderosa, que é tão capaz, que se desprende do futuro, que se desprende do aqui e agora, nós usamos essa mente para criar estratégias e narrativas para potencializar essa nossa motivação de evitar o sofrimento e obter benefício. Então a gente cria muito em cima disso. Eu crio, eu imagino cenários e nós estamos falando aqui – tem gente de gestão na mesa e tal – a gente cria cenários para ver onde é que estão as nossas vulnerabilidades, onde é que estão as oportunidades, não é? O que fazer, o que deve acontecer, (qual que é) [00:12:28], essa linguagem do negócio, enfim, nós usamos muito esse nosso potencial de divagar, essa nossa mente narrativa para tudo isso. Porém, ela está muito à serviço da autoproteção e aí a gente pode realmente se envolver demais com os processos mentais que acabam alimentando a ansiedade e o estresse. Acontece algo que é a grande ironia. Os animais apenas reagem aos perigos, reagem aos perigos e às ameaças. Nós também reagimos, nós sentimos estresse, nós sentimos ansiedade quando existe um perigo presente, mas nós podemos imaginar perigos. Podemos imaginar situações de risco, podemos imaginar cenários catastróficos, podemos imaginar tudo isso. Quando nós imaginamos nós sofremos, quando nós imaginamos acionamos os mesmos mecanismos de estresse e ansiedade. Então muito da ansiedade e do estresse que nós seres humanos vivenciamos é imaginado, é criado por essa nossa mente. Está aí a importância de você estar mais no aqui e agora, que é o que se fala há milênios. O ser humano sempre trouxe isso, isso é típico da natureza humana. Então não é de hoje que as tradições falam em estar mais aqui e agora, estar mais no presente, viver mais o momento que é para a gente não ficar nessas espirais que nos angustiam, que nos (afogam) [00:14:03].Marcelo: Isso é curioso, parecem aquelas histórias que você ganhou um talento de imaginação e criatividade e uma maldição associada à elucubração. E você, Jeison, você disse que você é um cara, assim, o Vinicião depois pode dar um depoimento, ele é o especialista em catástrofe.Vinícius: É, na hora que a Regina estava falando ali eu fiquei pensando assim: “nossa, eu sou bom nisso aí”.Jeison: Deixa eu pegar da Regina ali. Vinícius, antes que você comece a desgraçar tudo com a história que você está imaginando, que é o que a gente faz, a Regina trouxe uma coisa muito boa e eu concordo 100% com ela, eu só quero fazer; bom, primeiro eu vou falar do Sêneca. O Sêneca escreveu um livro pequenininho, olha, Regina que gosta de filosofia com certeza leu 30 vezes, chamado Sobre a Brevidade da Vida. E o Sêneca nesse livrinho ele trata a aposentadoria, coisa que eu não consigo explicar para a minha mãe, você entendeu? Que não é bom esperar se aposentar para viver, ele trata isso nesse livro, você entendeu? Então assim, porque as pessoas viviam já nesse momento, Szuster, lá na frente. E pegando agora outro cara que eu gosto muito, o Platão falou isso também, mas eu gosto mais de Aristóteles na abordagem que é o caminho do meio. A gente tem que ter sim o tempo para imaginar, porque do mesmo jeito que a gente sofre, como a Regina colocou e ela está coberta de razão, eu concordo 100%, que é o caso do Vinicião, ele que está sofrendo com a pandemia pelo que estou imaginando, a gente imagina, cria cenários e sonha. É o que torna a vida a diversão que ela é e agora pegando uma curvinha um pouco para a minha área que é gestão, uma coisa que chefe é bom de fazer é matar sonho de colaborador, pelo amor de Deus. A gente é especialista em dar martelada no dedos dos caras, entendeu? Eu acho que isso é uma coisa, porque quando você pede para o cara estar presente e aí para ele não ficar no passado e quando ele vai imaginar, você vai precisar que ele imagine alguma coisa, porque você tem que criar, porque hoje em dia ficar repetindo não vai manter nenhum negócio. Se qualquer negócio ficar tentando se repetir ele vai acabar, desde Magazine Luiza, cara, até Mc Donald’s vai acabar. Eu pratico essa tentativa de estar presente, eu acho extremamente difícil. E eu acho que a gente enquanto líder de negócio ou colaborador de negócio tem que se manter atento. Eu acho que a Regina foi muito feliz quando ela falou da atenção. Eu acho que é o primeiro passo: quanto que eu sei que eu não estou? Sabe aqueles quatro quadrantes, Szuster? Não sei se você usa isso na agilidade, do inconsciente incompetente, do consciente competente que é a pirâmide do aprendizado. Você é inconsciente incompetente, você nem sabe que você não sabe, a hora que você começa a perceber que você divaga, fica a dica, Vinicius: “estou imaginando coisa”, agora você passa a ser consciente, mas incompetente, você continua viajando, mas você sabe disso. É o primeiro passo, não é, Regina?Regina: Exatamente.Jeison: Para a gente sair, para a gente voltar, não quer dizer que vai resolver, viu Vinícius? Eu também sou desses. Estou colocando com você, porque eu que sou o contrário, para mim tudo vai dar certo, irmão. Eu sou um otimista.Vinícius: Você está falando de mim, mas você está pensando em você.Jeison: É, mais ou menos isso, mais ou menos isso. Mas eu sou um otimista, cara, eu sou otimista. Eu acredito que tudo vai dar certo.Vinícius: Regina, um ponto que eu queria te perguntar falando até de experiência própria é que, assim, praticar Mindfulness é super difícil eu acho. Uma coisa é, tipo assim, você ler sobre isso ou você às vezes até alguma pessoa a mais profissional, tipo um psicólogo, alguma coisa para te explicar um pouco sobre isso, mas na prática eu acho muito difícil. Eu acho muito difícil assim de você não; quando vem um problema na sua cabeça você começa a meio que se engajar com o problema ao invés de simplesmente observar o problema. Mas essa sutileza é difícil assim na prática. Eu imagino aí que seus ouvintes no Autoconsciente devem perguntar muito assim o que que você; hoje em dia quais são as formas de ação, mais fácil é seguir aqueles aplicativos mesmo que fazem a parte de Mindfulness diário? O que que você aconselharia para iniciantes vamos falar.Regina: Então vamos lá. Vamos começar descontruindo uma ideia que é uma ideia muito comum, eu também tinha essa ideia, entender pela minha própria experiência do que se trata. Então existe e eu fugi da meditação a vida inteira, acabei me rendendo há alguns anos – já estava perto dos 50 anos de idade quando me rendi ao Mindfulness – mas existe um mito, existe uma ideia de que e isso pode-se aplicar a outras modalidades de meditação, Mindfulness é apenas um ramo da grande árvore da meditação, mas o mito de que: “Mindfulness é esvaziar a minha mente” e não é bem assim. A mente humana é divagante por natureza, o modo narrativo divagatório é o modo neurológico da imaginação, de voltar ao passado de se deslocar etc e tal, isso é o modo padrão, é o default – já que estamos aqui com pessoas de tecnologia é o default – do cérebro humano, ok? Então esse modo vai estar sempre presente, a menos que a gente intencionalmente coloque o nosso cérebro em uma outra forma de funcionar, que é o módulo experiência direta. É como se tivesse uma chave, essa chave está sempre no modo padrão narrativo divagatório, mas com a minha intenção, por vontade própria eu viro essa chave para o modo experiência direta. No primeiro momento Mindfulness é um treino de focalização de atenção no qual você vai manejar essa chave, você vai praticar e praticar e praticar, se colocar em experiência direta você vai de repente perceber que a sua mente divagou em algum momento: “estou viajando” e você se traz de volta, se colocando novamente em experiência direta. E assim é, não existe e aí a gente (abarca) [00:20:01] muitos os modelos mentais que nós temos (proporcionado) [00:20:04] a vida, que é o modelo do desempenho, que é o modelo do indicador, da performance, que é o modelo do perfeccionismo, está certo? E não se aplicam absolutamente ao Mindfulness. Sabemos que a mente é divagante e a mente vai divagar depois de alguns instantes prestando atenção. Estou falando em instantes, não estou falando minutos, estou falando em questão de segundos a mente vai divagar então o que que a gente faz quando percebe que a mente divagou? A gente se traz de volta. Eu passo um bom tempo com meus alunos desconstruindo essa ideia de conseguir alguma coisa, de conseguir se concentrar, de conseguir ficar não sei quanto tempo se concentrando, de conseguir bater recordes. Passo um tempo enorme desconstruindo isso com eles, até que eles entendem: “eu não tenho nada para conseguir”, que ótimo, agora você vai começar a ter uma outra experiência. Mindfulness deixa de ser um exercício de focalização de atenção para se tornar uma estado de consciência em que você percebe, quer dizer, você se percebe de forma diferente então quando eu estou aqui agora eu estou realmente focada na minha experiência, estou prestando atenção, estou sentindo o meu corpo, estou sentindo a minha respiração, estou ouvindo as coisas ao meu redor, estou presente. Eu percebo o quanto isso é rico de informação e o quanto nesse momento em que eu estou presente eu não estou divagando, eu não estou noiando, eu não estou nos pensamentos negativos. Então a gente vai aprendendo também justamente a deixar ir esses pensamentos. Eles vêm a todo instante, pensamento não toca campainha, pensamento não pede licença, ele simplesmente vem e quando ele vem e se de repente ele não me interessa, ou se ele está me atrapalhando, ou se eu não quero ter esse tipo de pensamento, ele é apenas um pensamento, eu deixo ele ir trazendo a atenção para mim. E lá na frente, quanto mais você pratica Mindfulness mais você; chega um momento em que você percebe que Mindfulness é uma postura de vida na qual você tem mais autoconsciência – realmente isso que o Jeison falou – de eu percebo quando estou viajando. Eu percebo quando eu estou noiando, eu estou divagando, eu estou me tornando, estou criando ansiedade, eu percebo isso e naquele instante em que eu percebo eu deixo ir o pensamento trazendo a atenção.Marcelo: Regina, mas só um negócio, você falou uma coisa muito marcante para mim que serve até de provocação para o Jeison aí, cara, que eu achei muito interessante, nunca tinha pensado sobre essa perspectiva que não é um processo que se coloca sob gestão. Não é um processo que se coloca uma meta, não é um processo; você aprende a se colocar em um estado e quando você está naquele estado é bom e quando você não está de vez em quando você lembra e volta para aquele estado.Regina: E você escolhe, eu acho importante, Mindfulness é muito sobre escolhas. Você escolhe. Nós somos seres humanos, funcionamos assim, precisamos criar, precisamos imaginar, é maravilhoso isso você criar e olha quantas coisas a gente cria com a nossa capacidade de prever o futuro, de visualizar as coisas, isso é fantástico, é o que nos distingue como seres humanos. Então é uma função da qual a gente não pode abrir mão, mesmo o monge budista quando ele está lá no seu mosteiro, quer dizer, ele também precisa criar, ele precisa imaginar, ele precisa: “puxa, vai chover? Se vai chover então vou recolher a roupa”, porque, sabe, eu estou planejando o futuro, eu estou antevendo uma possibilidade. A questão é o quanto a gente se engaja com esses processos, o quanto a gente sofre com esses processos e aí é que é muito importante você ter essa capacidade da autorregulação, não é? Da metaconsciência, então assim, Mindfulness e a prática de Mindfulness desenvolve em nós uma faculdade que a neurociência chama de metaconsciência, estar consciente daquilo que se passa na minha consciência. Quanto mais metaconsciência, quanto mais me vejo pensando, quanto mais eu me observo pensando e nós temos várias instâncias de consciência, a gente começa a experimentar uma instância de observar a própria mente. Quando eu observo na minha mente algo que eu não desejo, que eu não quero, então eu simplesmente deixo ir. O que que acontece com a gente sem conhecer nada disso é que a gente vive uma vida completamente na mente e completamente inconsciente de si, apenas pensando, pensando e pensando – e mal – e reagindo, vivendo no automático. Se conecta muito com o que o Jeison falou sobre pessoas, sobre lideranças, que tenho algumas considerações até para fazer também a respeito disso que é um assunto que muito me interessa, mas percebem? Então trata-se de escolhas. A autoconsciência é o estar consciente de mim, eu estar regulando, eu estar me cuidando, eu estar gerenciando os meus estados mentais e emocionais para que eu tenha experiência de vida condizente com o que eu quero, para que eu tenha qualidade de vida, para que eu possa ser criativo, para que eu seja efetivo na minha vida, enfim, é tudo de bom, é tudo de bom.Marcelo: Pessoal, que tal ganhar stickers exclusivos dos Agilistas? Para ganhar é bem simples, basta mandar uma mensagem de áudio no nosso WhatsApp, cujo número é 31996977104, pode ser sugestão, dúvidas, ideias, enfim, queremos vocês ainda mais próximos para construímos uma verdadeira comunidade ágil. Mas Jeison, e você, como sendo um; você declarou aí que gosta de KPI, de desempenho, de performance, e aí, como é que você fez com seu processo de Mindfulness. É só uma provocação. Como é que você sabe se você está bom no Mindfulness?Jeison: Eu há algum tempo, eu sempre utilizei – com certeza a Regina conhece – o Insight Timer para meditação. E com o tempo eu comecei me incomodar, porque eu não queria perder um dia. Não porque eu estava afim de meditar, mas porque eu não queria perder a contagem.Regina: As estrelinhas.Jeison: É, as estrelinhas. Eu falei: “cucaracha, está errado esse processo, não é para isso, se eu não vou meditar hoje eu não vou meditar hoje e fim”, entendeu? Porque é dez horas da noite e eu vou dormir, não estou afim de meditar. E eu me peguei nessa. Me peguei com pessoas que meditam comigo falando assim: “olha, estou há 125 dias”.Regina: Olha a competição.Jeison: Pois é, por que que a gente está fazendo isso? E daí porque, sim, KPI são importantes, mas é uma questão de escolha, cara. Eu quero pegar um negócio que a Regina trouxe quando ela veio falar de liderança, eu vou te falar por que eu comecei a meditar. Porque eu sempre fui um canalha. Porque eu sempre passei por cima de todo mundo. Eu sou um trator, cara. Eu não entro em uma discussão para perder. E é aquele negócio, quando você fica com em uma coisa você usa aquilo para tudo, para um bom martelo tudo é prego. E com o tempo eu fui descobrindo que eu não queria isso para minha vida, eu tenho uma empresa pequena, tenho dois filhos pequenos, a ForLogic hoje tem uns 80 colaboradores, 85, não sei, (tem um monte de) [00:27:23] gente lá. Pessoas que eu amo, cara. Quando eu comecei a falar de amor dentro da ForLogic os caras acharam que eu tinha virado hippie ou estava usando droga: “o chefe agora maconhou de vez”. Eu cheguei um dia, eu lembro disso, uns cinco anos atrás, eu cheguei e falei: “cara, tem que ter muito amor para trabalhar aqui”, os caras olharam torto, agora está mais na moda, eu vou até parar de usar já, agora está até mais na moda. Foi cinco, seis anos atrás: “cara, tem que amar esse negócio” e eu vi que eu não fazia por mal, eu juro, a minha intenção, Regina, eu prometo, nunca foi bater em ninguém, mas quando eu vi já tinha ido.Regina: Sim, você aprendeu a funcionar assim na sua vida e isso te trouxe muita coisa boa. Chega um momento: “espera um pouco, mas eu estou limitado”.Jeison: É, então, é sair do automático.Marcelo: Essa é a raiz de tudo, o comportamento nosso automático, que a gente começa a virar quase que uma máquina que responde automático aos estímulos.Jeison: Exatamente. E responder aos estímulos qualquer idiota responde, cara, até um corpo morto sem cérebro se você colocar choque lá ele vai mexer, entendeu? Então isso que me incomodava e quando a Regina traz o estado de consciência um pouco mais aplicado eu gosto muito dessa discussão que é quando: “quem observa o observador?”, primeiro, quem que é o observador? Depois, quem observa esse observador? Então se você, espera aí, a minha consciência se eu estou observando ela, quem é esse cara que observa a consciência?Regina: Muito legal.Jeison: Essa é uma discussão muito legal, muito rica. Também precisa de muita maconha pra gente avançar mais, mas eu gosto dessa discussão, sabe? Eu não entro muito nessa lá na firma e sempre que eu vou fazer um negócio desse eu trago um motivo, uma KPI, Szuster, eu sempre trago. Quando eu fui falar de meditação a primeira vez na ForLogic eu peguei vários estudos: “olha, está provado que vocês não vão ficar doentes com depressão se vocês meditarem”. Eu sempre trago uma coisa, porque se eu levo só pelo lado espiritualizado, não espiritual, não religioso, as pessoas não se engajam. As pessoas são acostumadas a precisar de um KPI. Então às vezes é legal você mostrar isso, mas eu, por exemplo, parei de usar KPI.Marcelo: A pessoa acaba tendo uma meta ali de ficar mais feliz ou qualquer coisa.Regina: É.Vinícius: Engraçado que vários aplicativos, que inclusive eu já usei, eles usam estratégias não de meta, mas de gamification, ele vai mostrando: “você está há tantas horas, já fez tantas sessões, você já tem tantas horas”.Jeison: Mas você percebe que você está fazendo pelo motivo errado? E cara, eu estou falando porque eu fazia isso. Eu ficava olhando as estrelinhas e falei: “cheguei na vermelha lá no Insight Timer, agora eu tenho uma vermelha, agora eu tenho uma verde”, eu ficava correndo atrás daquela porra daquela estrela.Marcelo: Mas é uma provocação mesmo, mesmo fazendo pelo motivo errado, o fazer não é importante, principalmente para quem, sabe por quê?Jeison: É importante.Marcelo: É uma pergunta que eu gostaria de fazer para a Regina, não sei, é uma pergunta meio capciosa, porque assim, eu fico às vezes pensando quando você lê sobre estoicismo, quando você lê sobre budismo, Mindfulness.Jeison: Sensacional.Marcelo: Aparentemente são todas escolas ali que têm uma origem dessas comum de que a gente elucubra demais e devia ficar mais ali no presente, simplificando bem aqui. Mas a minha dúvida que eu sempre fico pensando é se biologicamente, se quem faz isso bem não é quem já estaria pré-disposto a fazer isso bem mesmo, sabe? E quem não está pré-disposto não consegue, entendeu? Tipo assim, tem cara que nasce com uma estrutura de cérebro tal que ele não vai conseguir, ou não, realmente têm pessoas que mudam mesmo, eu queria alguns depoimentos, entendeu? Por exemplo, eu sou muito, eu não sou ansioso, pelo contrário, por isso que a sociedade aqui é boa, porque tem o Vinicião para sofrer por todos aqui.Jeison: Ele sofre pela empresa inteira.Marcelo: Eu falo, é uma sacanagem com os ansiosos, porque ele pensa nas desgraças, antecipa tudo, não sei o que, e eu não penso nas desgraças, às vezes eu me sinto até culpado: “eu devia pensar ali junto”, mas assim eu não escolhi.Vinícius: Você pensa, mas depois você esquece, passa um tempo e você esquece.Marcelo: É, eu penso e no dia eu já esqueci, então assim, eu não escolhi ser assim, entendeu? Eu sou assim, eu não escolhi. Então claro, eu tiro um proveito disso quase que natural, então quanto que é de escolha mesmo, Regina, dessa história.Regina: Qualquer pessoa pode praticar Mindfulness. O cérebro não tem nenhum, uma pessoa com o cérebro funcionalmente normal ela não vai ter nenhum impeditivo, nenhum problema para praticar. O que vai ser um desafio, digamos assim, são os modelos mentais dessa pessoa. É a maneira como ela funciona, a maneira como ela, enfim, como ela se relaciona. Para começar consigo mesma. Então isso que o Jeison falou das estrelinhas do Insight Timer e aí respondendo um pouquinho o Vinícius rapidamente, então os aplicativos podem criar experiências que vão – vai depender da pessoa – podem criar experiências que são legais e que vão motivar a pessoa a praticar e que vão levar ela realmente para um relacionamento de mais compaixão consigo, serem mais suas amigas, entender melhor ou pode ser uma coisa assim: “não, eu não dou para isso”, você pode ter experiências bem diferentes. Eu realmente não aconselho, não recomendo, que a pessoa comece com aplicativo antes de saber realmente do que se trata e aí existem os programas de Mindfulness para isso, para apoiarem as pessoas. Então a gente apoia, a gente assiste os alunos no dia a dia, nos encontros para realmente ir passando essa nossa experiência e para ir mostrando do que se trata e ajudá-las a entender e vivenciar esse processo de uma forma mais, digamos assim, de uma forma mais positiva, de uma forma mais benéfica para elas. Então existem muito mitos, existem muitos modelos mentais que realmente podem, digamos assim, ser um dificultador – se é que se pode falar nisso – para as pessoas são os modelos mentais delas. Os alunos acabam descobrindo, as pessoas acabam descobrindo e quando percebem: “isso é Mindfulness? Então que tranquilo que é”, quer dizer, eu me coloco no momento presente, eu estou ali por alguns instantes comigo mesmo, eu posso levar isso para a minha vida, eu posso deixar livres meus pensamentos quando eu não quero tê-los e elas entendem que é disso que se trata e isso vai se expandir para sua vida e a gente vai construindo um relacionamento conosco mesmos muito diferente. Porque o mundo, gente, e eu estou falando do mundo como ele sempre foi, hoje você tem KPI, você tem recursos, ferramentas, você tem métricas e performance e tudo isso que existe no mundo da gestão existe no (inint) [00:34:04] assim, não é uma crítica, não é um julgamento, mas a gente internaliza e começa a viver muito em função disso. Eu vejo hoje as pessoas sofrendo muito com todos esses parâmetros de performance, com todas essas impressões e nós não somos robôs, nós não somos máquinas. E quanto mais a gente se preocupa em atender e em, digamos assim, estar em conformidade com isso, aqui dentro da cabeça das pessoas isso cria tanta pressão, isso cria tanta autocrítica, cria tanto autojulgamento, cria tanta ansiedade que é absolutamente (confuso) [00:34:46].Marcelo: Onde é que entra o líder nisso? Para a gente poder ir encaminhando aqui.Regina: Boa pergunta.Jeison: Espera aí, que agora eu vou dar (inint) [00:34:53], porque agora, espera aí, quando você fez uma pergunta dessa para ela tão capciosa: “mas isso não é o modelo, mas isso daí não tinha que ser assim mesmo?” e a Regina é sensacional, cara, tudo depende do que você acredita. Se você; sabe aquela famosa, tem uma frase que é super clichê: “se você acredita que pode ou se não pode você está certo”? Cara, eu sou a prova viva, você liga lá na firma e pede do Jeison de cinco anos atrás e pede do Jeison de hoje. Eu tenho um exemplo vivo, eu sou um animal, entendeu? Assim como todos somos, só que eu era muito mais irracional do que eu sou hoje. Não quer dizer que eu; melhorei um pouquinho, vai, mas já ajudou muita gente lá. E eu tomei essa decisão quando o João, vocês não falam do João, ficam só vocês falando aqui, mas quem organizou a bagunça toda foi o João, obrigado, viu, João? É o nosso Marquinho lá, tem um cara que faz isso lá na firma. Quando o João achou aquela palestra, aquela palestra que eu fiz em 2015 eu lembro que uma coisa que eu falei me marcou muito e eu aprendi depois que eu disse e isso eu acho muito engraçado com as coisas que eu faço às vezes, é coisa que está internalizada, mas já vou voltar para o modelo mental. Você sendo o líder do negócio, o chefe, você vai mudar a vida das pessoas para o bem ou para o mal, você só tem que escolher. Você vai chegar de manhã oito horas na empresa e você vai lidar com o cara ali na hora e como você está diz muito a respeito de como você vai transformar a vida daquele cidadão. E foi quando eu percebi isso que eu falei: “cara, não estou fazendo legal”. Os resultados vêm, entendeu, Szuster? Só que a gente deixa muitos mortos e feridos no caminho, não precisa ser assim.Marcelo: Então, é aquilo que a gente falou no começo, é partir de uma visão humanística mesmo e de ter, de não ter um foco só, não que o resultado não seja importante, mas isso tem sido discutido muito hoje em dia, até do ponto de vista do capitalismo, aquela história de criar valor para o setor acionista ou certa empresa tem um propósito acima disso. Eu falo assim, essa discussão permeia a sociedade hoje em dia.Regina: Totalmente.Jeison: E quando você perguntou o que isso tem a ver com a liderança eu tenho um ponto muito importante para trazer. A empresa sempre vai até onde o modelo mental da liderança chegou. Se eles estão aí, a empresa de vocês só vai chegar até onde o modelo mental de vocês chegou, cara, ela não vai ultrapassar, porque vocês acabam sendo o teto. Foi aí que eu resolvi me desenvolver, porque eu falei: “cara, se eu sou o animalzinho que limita isso aqui, então se eu me desenvolver eu vou dar mais espaço, o teto vai crescer e as pessoas vão pode crescer”. Hoje eu tenho pessoas que eu já não sei mais quem é o teto de quem lá na empresa, graças à Deus, que eu estou inclusive saindo um pouco da gestão, hoje eu faço um papel completamente diferente do que eu fazia, estou abrindo mão da liderança do negócio.Vinícius: Só grava, só fica gravando podcast.Jeison: É, fico o dia todo, deveria estar trabalhando e estou aqui com vocês. E eu não consegui, Regina, entrar na Comunicação Não Violenta.Regina: Tudo bem.Jeison: Nos próximos dez anos eu vou (inint) [00:37:39] disso.Regina: Você chega lá.Jeison: Eu chego lá, entendeu. Mas o modelo mental da liderança tem muito a ver com isso. A gente tem que se preocupar com o colaborador se trouxe um negócio legal. O que que é mais importante? Eu vou falar essa, eu tenho um (inint) [00:37:52] da gestão que fala disso, que que é mais importante, o resultado ou as pessoas?M: Impulso ágil. Acelerando a sua jornada para o agilismo.Vitor: Bom dia, boa tarde, boa noite. Meu nome é Vitor Rangel e sou product owner na DTI. O trabalho do PO tem como uma das principais responsabilidades conhecer o modelo de negócios do seu produto para assim ter condições de propor inovações. Esse modelo de negócio pode ser simplificado em quatro perguntas: quem é seu cliente? O que você oferece a seu cliente? Como você entrega valor para seu cliente? Como é o modelo de receita? O exemplo simples é uma banca de suco de laranja, tem como cliente uma pessoa passando com sede na rua. O produto é um copo de suco de laranja. O valor é a laranja que é espremida e transformada em suco e o modelo de receita é a venda do copo unitário. De acordo com estudo da universidade de Saint Gallen 90% das inovações são apenas adaptações e combinações de modelos de negócios conhecidos, ou seja, não é necessário inventar a roda para trazer inovação. O PO estando atento a esse modelo de negócio consegue propor mudanças em algum dos quatro pontos tentando combinar com modelos já existentes. Uma forma, por exemplo, de inovar na banca de suco de laranja seria criar um modelo de assinatura que o cliente paga mensalmente e tem direito a todos os dias passar na banca para pegar um copo de suco. Desta forma, a banca passa a ter uma fonte de receita recorrente. Algo bem parecido com o modelo da Netflix, não? Que substituiu a forma de aluguel de filmes unitários por uma mensalidade.Marcelo: Tem um autor aí, como é que chama, gente? Simon Sinek?Jeison: Simon Sinek.Marcelo: Ele tem uma frase muito bonita que ele fala assim: “como é que você quer que as pessoas lutem por você se você não luta por elas”, então assim, ele usa muito esse exemplo. Muitas empresas, não é, gente? Abandonam os caras, abandonam as pessoas, mas querem que as mesmas pessoas lutem por elas. Mas a Regina queria, na hora que eu falei da liderança eu vi que ela queria falar alguma coisa, o que que era, Regina?Regina: É, eu tenho algumas ideias aqui para jogar na mesa. Então antes de falar de Mindfulness eu estudava muito sobre liderança, eu tenho formação em coaching, atuei como coaching por muito tempo para liderança justamente, coaching comportamental, e eu me lembro de ter feito em 2013 um curso à distância com Richard Boyatzis. Richard Boyatzis é um grane acadêmico, estudioso do comportamento, alguém que desenvolve muito a parte de inteligência emocional e liderança e esse curso chamava Inspired Leadership. Eu fiz esse curso, é um curso que está na internet até hoje, da Coursera, até recomendo, porque eu acho que vai trazer grandes insights para os líderes, curso muito bom, e ele fala muito disso, da influência do líder sobre a sua equipe. E ele fala assim: “olha, existem dois tipos de influência”, vamos falar de uma maneira bem simplificada, a liderança ressonante e a liderança dissonante. O que é a liderança ressonante? A liderança ressonante é um tipo de influência que o líder exerce que deixa o seu liderado à vontade, criativo, confiante e isso não é com discurso. Isso não é com lindas palavras, isso é um fenômeno neurológico. Então tem toda uma, digamos assim, fundamentação científica de que: “olha, nós temos neurônios espelhos e neurônios espelhos eles irradiam, captam e irradiam estados emocionais então nós influenciamos”, ele fala do emotional contagion, contágio emocional, que nós exercemos uns nos outros. Então qual que é a tese do Boyatzis nesse curso dele? Que o líder precisa saber se gerenciar, e aí entra o Mindfulness entre outras coisas. Precisa saber se gerenciar, gerenciar seu estresse, gerenciar tudo aquilo que ele como ser humano passa – são todos humanos – para que ele possa exercer uma influência ressonante. Uma influência que vai predispor a sua equipe, estou falando neurologicamente, eu estou falando de fenômenos neurológicos, ele vai predispor as pessoas neurologicamente à abertura, à comunicação, à troca. Vai deixar as pessoas à vontade, vai deixar as pessoas confiantes e elas vão poder ser criativas. Elas vão poder ter grandes insights. O contrário disso seria a liderança dissonante. A liderança dissonante é aquela liderança que coloca, predispõe as pessoas da sua equipe a um estado neurológico de solução de problemas que é um estado muito fechado. A pessoa se fecha em si mesma, a pessoa; é um estado restritivo. É um estado…Marcelo: … os cachorros não estão com Mindfulness.Regina: Os cachorros estão bem dissonantes hoje. Então a liderança dissonante exerce um efeito oposto, uma influência oposta, de deixar as pessoas no modo defensivo e no modo defensivo ninguém cria nada, só faz o que já sabe, só faz mais do mesmo. Então são grande insights. Resumo da ópera: líder, você precisa se trabalhar. Você precisa, para si próprio, aprender a se gerenciar, aprender a gerenciar seu estresse e não é só isso, quer dizer, é desenvolver a sua autoconsciência, desenvolver a compaixão com você mesmo, porque é quando; quanto mais amigo você for de si próprio, quanto mais você se conhecer, quanto mais você reconhecer a sua vulnerabilidade e souber lidar com isso de boa, mais você vai poder, enfim, se relacionar com as pessoas dessa forma também e deixar as pessoas mais abertas. Fantástico esse curso, então já se falava de Mindfulness desde 1900 e bolinha e nós aqui ainda estamos descobrindo isso, mas ainda é tempo. É disso que se trata a liderança e hoje, só para completar, Mindfulness está nas grades de formação de liderança das grandes escolas de liderança do mundo, Harvard e outras tantas que estão por aí. Esse próprio curso da Case Western Reserve que eu fiz lá em 1900, enfim, 2013, é um curso para liderança, chama-se Inspired Leadership e é muito bom.Jeison: Pelo visto nós vamos ter que discutir em outro podcast.Marcelo: É.Jeison: O que que é mais importante, o resultado ou as pessoas. Então está bom, eu não vou falar disso porque que não vai dar tempo.Marcelo: Não, assim, excelente, porque a gente combinou um horário aí com a Regina e infelizmente nós temos que acabar, mas eu achei engraçado pelo seguinte: a gente não precisa ter meta e nem precisa ter um objetivo claro para fazer e ir atrás do Mindfulness, mas a Regina acabou um objetivo muito bom aí para os gerentes quererem fazer o Mindfulness. Eu achei curioso.Jeison: Mas a intenção é importante. A intenção.Marcelo: A intenção. Eu estou só fazendo uma brincadeira porque assim, acho que pela filosofia em si, pelo estado de consciência que você se coloca, pelo novo modelo mental pelo qual você passa a viver nesse mundo já é o motivo suficiente, já é o motivo justo pelo qual você deveria no mínimo explorar isso na sua vida.Jeison: Sim.Marcelo: Porque isso vai abrir as possibilidades e vai fazer com que seu entendimento (inint) [00:46:06] faça uma vida de melhores escolhas uma vez que você não está mais vivendo no automático. Estou fazendo essa brincadeira, porque quem achar: “não, mas será que eu preciso disso?”, cara, se você quer ser um bom líder faz o Mindfulness também. É um argumento direto.Regina: Todos precisamos. Todos precisamos.Marcelo: Regina, muito obrigado. Jeison, muito obrigado. Como eu dizia, Jeison, infelizmente, cara, é porque nós vamos gravar um outro episódio e vamos discutir sobre a convicção que as pessoas estão e têm que estar a frente, não tenho dúvida disso, e se você tem um negócio que nunca está dando resultado alguém pode alegar isso: “porque você está priorizando as pessoas”, esse negócio aqui está errado então, na verdade, o modelo do negócio está errado.Jeison: É.Marcelo: Eventuais sacrifícios e fases difíceis existem em qualquer situação, mas um sacrifício contínuo que sacrifica as pessoas em prol do resultado está simplesmente indicando que tem alguma coisa naquele modelo ali que não se encaixa.Jeison: É uma coisa muito legal essa coisa que você está falando, porque é a história do ovo e da galinha. Todo mundo quer o ovo, o resultado, mas tem que cuidar da galinha, das pessoas, se não você não vai ter ovo, resultado, você entendeu? É normal. Espremer a galinha e vai ter um ovo, a galinha morre e pronto.Marcelo: É o que eu falo, Simon Senek é assim, não tem que pensar em uma pergunta, é claro que as pessoas têm que vir em primeiro lugar, porque são elas que estão entregando o resultado.Jeison: É isso aí.Marcelo: Bom, pessoal, muito bom. Saudação para todos e muito obrigado pela participação de vocês.Jeison: Obrigado.Vinícius: Obrigado, pessoal.Regina: Eu é que agradeço. Foi um prazer. Tchau tchau, um abraço para vocês.Jeison: Tchau.
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os agilistas

#91 Mindfulness com Regina Gianetti e Jeison Arenhart

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